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O dólar baixo tem sido um dos maiores aliados na redução da inflação nos últimos anos. A estabilidade da moeda, sem dúvida, é uma condição importante para o planejamento das empresas e das pessoas.

Nos últimos anos, porém, o dólar baixo fez disparar as importações e isso fragilizou a nossa capacidade de gerar empregos no setor industrial.

Segundo um estudo do Iedi (Instituto de Estudos para o desenvolvimento Industrial), entre 2004 e 2006, o afluxo de bens importados aumentou 45%, quando o dólar foi desvalorizado em nada mais nada menos do que 26%. Nesse período o emprego industrial ficou estagnado.

Na última divulgação do aumento do PIB que apresentou o triste número de 2,9% para 2006, a imprensa alardeou muito que o consumo cresceu mais de 5%, sem esclarecer, entretanto, que grande parte desse crescimento se deveu ao consumo de bens importados. O próprio estudo do Iedi ilustra esse fato. No setor de confecções, por exemplo, a importação de roupas, para o período considerado, cresceu 136%, enquanto que o emprego encolheu 9%.

Em matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo ("Importação freia o emprego industrial") há um grande rol de setores que estão nessa situação: máquinas e equipamentos, material de escritório, informática, têxtil e outros. É o que muitos chamam de desindustrialização. São raros os setores em que, apesar do aumento das importações, houve também um aumento de vagas (alimentos e bebidas, metalurgia básica). O assunto é complexo. A baixa do dólar tem muito a ver com a forte expansão das exportações. Até aí, tudo bem. Mas tem a ver também com as altíssimas taxas de juros que são oferecidas aos investidores estrangeiros do mercado financeiro. A diferença de taxas entre o exterior e o Brasil tem levado até mesmo os exportadores a trazer dólares de fora para aplicar em títulos públicos brasileiros, como forma de compensar a perda de competitividade nas exportações.

Se tudo isso tem explicações racionais, não se pode aceitar pacificamente a continuação desse estado de coisas. A condução da política monetária sempre foi uma arte mais chegada à ourivesaria do que à economia pura.

O Brasil está precisando de ajustes finos e inteligentes nesse campo. O arroz com feijão de simplesmente elevar os juros para conter o consumo pode ajudar a inflação, mas provoca grandes estragos na área do emprego.

Está na hora de reverter esse quadro. Aliás, já passamos da hora.

Antônio Ermínio Moraes é empresário.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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