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Sempre mantive minha fé na juventude brasileira. Apesar dos reconhecidos problemas da sua indisciplina no lar e na escola e do seu envolvimento com drogas e crimes, continuo achando que isso atinge uma minoria. De um modo geral, os rapazes e moças do Brasil são pessoas de bem que trabalham arduamente e que, em muitos casos, estudam à noite em escolas técnicas e faculdades pagas, depois de uma longa jornada de trabalho. Eles acreditam no valor do conhecimento.

É com essa juventude que o Brasil conta para construir o que falta, e reconstruir o que está abalado, a começar pelos padrões de moralidade pública.

Dentro desse quadro, entristece-me a conduta de minorias desavisadas ou usadas como massa de manobra para desconstruir uma das instituições mais estratégicas para o desenvolvimento do país – a Universidade de São Paulo.

É próprio de a juventude manifestar seus descontentamentos e lutar para mudar o mundo. Sem essa chama, as nações não progridem. E, para tanto, o debate é importante.

Mas, uma coisa é debater. Outra coisa é delinqüir. A invasão e ocupação da reitoria da USP foi uma demonstração de incivilidade e desconhecimento completo das regras da democracia.

Universidade é a casa do saber. É uma instituição que exige muito tempo para formar os talentos. É uma obra difícil de construir e que, portanto, não pode ser destruída pela irresponsabilidade de uns poucos. Sim, porque a maioria dos alunos quer estudar e crescer, demanda um clima de tranqüilidade e respeito, tanto que luta intensamente para entrar nas faculdades.

Nada justifica o vandalismo perpetrado contra uma das melhores universidades do país – e gratuita! –, os invasores quiseram convencer colegas de outras universidades para fazer o mesmo, como se os problemas brasileiros pudessem ser resolvidos pelo fechamento das escolas.

Mais grave é ver os invasores implorarem pelo perdão para desobstruir a reitoria da USP. Essa é a hora da universidade ensinar o que são os deveres e a responsabilidade de cada parte. O que se espera é que os invasores sejam devidamente punidos, dentro das regras da universidade, chegando até a expulsão, se necessário for.

Não se pode querer construir uma democracia sem o necessário equilíbrio entre direitos e deveres. Onde está o direito de invadir uma reitoria? Em nenhum lugar. Onde está o dever de punir os invasores? Nos regulamentos da universidade. Chegou a hora de aplicá-los.

Antônio Ermírio de Moraes é empresário.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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