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Tenho procurado usar este espaço para discutir, ainda que em linhas gerais, as reformas estruturais prometidas para 2007.

Neste artigo, focalizarei a política comercial. O especialista Marcos Jank tem insistido que a maior parte das nações implementa políticas comerciais que levam em conta as necessidades das empresas e dos trabalhadores. Poucos países colocam na frente os motivos políticos para explorar novos mercados.

Ao procurar estreitar relações com as nações mais pobres da África, assim como Cuba, Venezuela e Bolívia, o Brasil colocou a política à frente da economia. Se, de um lado, é louvável nosso espírito de solidariedade, inclusive quando lideramos a formação do G-20 como grupo de pressão, é inegável a baixa capacidade dos países pobres, no curto prazo, de se tornarem grandes compradores da produção nacional. A insistir nesse relacionamento, teremos de nos contentar com sonhos e promessas.

Enquanto isso, as demais nações lançam-se agressivamente no estabelecimento de negociações regionais e assinatura de acordos bilaterais que reduzem as proteções e ampliam o acesso a grandes mercados. O México, Chile, Colômbia, Peru e vários países centro-americanos já estabeleceram laços estreitos com os Estados Unidos, Canadá, União Européia, Japão e outras nações compradoras. O mesmo deverá ocorrer, dentro em breve, com o Uruguai e o Paraguai. Uma imensidão de novos acordos bilaterais ocorre na Ásia, todos eles transacionando bilhões de dólares e fazendo subir a participação daqueles países no comércio internacional enquanto que, apesar do bom desempenho recente, as exportações do Brasil continuam sendo cerca de 1% do comércio mundial.

Não adianta querer inverter a geografia do comércio exterior. O pragmatismo é a bússola de quem opera nessa área. Se aumenta a entrada de produtos estrangeiros no Brasil, temos de aumentar ainda mais a penetração de produtos brasileiros no exterior. Isso se faz com base em negociações objetivas e não políticas ou ideológicas.

De que adiantou a nossa simpatia pelo povo boliviano se o seu dirigente impôs o que quis e desapropriou receita e lucros da principal empresa brasileira? De que adianta nos aproximarmos de Hugo Chávez quando os Estados Unidos ameaçam tirar o Brasil do Sistema Geral de Preferências que facilita a entrada de produtos oriundos de países em desenvolvimento?

Sejamos práticos. O Brasil terá de optar entre uma política de bate-papo e uma política de emprego. Penso que os brasileiros preferem a segunda.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br.

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