• Carregando...

O tombo da indústria brasileira no primeiro trimestre do ano, com retração de quase 6%, mostra que o desafio da equipe econômica vai muito além de um ajuste nas contas públicas. O país terá de entender melhor o que houve com o setor e decidir se fará alguma coisa.

Só para lembrar, o ajuste fiscal tem duas frentes. Uma de curto prazo, com impostos mais altos e contingenciamento para o país apresentar um superávit primário novamente. Isso é necessário para que as contas públicas fiquem menos vulneráveis e voltemos a ter um cenário de juros e inflação baixos. Para um prazo mais longo, há medidas importantes, como mudanças no seguro-desemprego e no pagamento de pensões, contas que vinham crescendo acima do PIB e que se tornariam impagáveis.

A conexão disso tudo com o setor produtivo é através de dois pontos: taxas de juros e gastos públicos. Para a indústria, o que mais importa é a taxa de juros, que impõe custos a todo o setor. Juros menores serão um apoio importante na retomada, mas não solucionam a tendência de enfraquecimento da produção, que tem raízes na falta de ganho de produtividade.

A indústria brasileira ficou para trás por ter se contentado com a proteção do mercado interno. Em um cenário de câmbio valorizado, como vimos nos últimos anos, a defesa comercial não foi suficiente para evitar o acirramento da competição com itens importados. E muito menos eficiente para compensar a falta de investimento em capital humano, modernização de plantas e inovação. É preciso fazer alguma coisa, mas não está claro o que se pensa a respeito em Brasília. Como mostram os setores que ainda crescem, precisamos de uma combinação de inserção internacional, maior liberdade comercial, programas de educação profissional decentes e muito investimento na modernização das fábricas.

em alta

Petróleo

Depois do tombo no ano passado, o preço do barril de petróleo vem subindo nas últimas semanas. A alta em 2015 já passa de 10%.

em baixa

Cerveja

Parece não ser verdade que a venda de bebidas é imune a crises: a produção de cerveja no Brasil caiu quase 6% nos primeiros quatro meses do ano.

Nacionalismo

A crise da Petrobras está tendo um efeito didático sobre o nacionalismo na economia. Sinal disso é que o governo já fala em flexibilizar a política de conteúdo nacional no setor de petróleo para os próximos leilões. Até agora, essa política gerou mais de R$ 400 milhões em multas às empresas que não conseguem encontrar fornecedores no país para cumprir as exigências do governo (incluindo a própria Petrobras), além de projetos caros, ruins e fora de prazo de fornecimento (vide o caso das sondas da Petrobras). A pauta pode evoluir para desobrigar a Petrobras de ser operadora única do pré-sal.

Beal

A Companhia Beal de Alimentos, dona das redes Beal e Festval de supermercados, registrou um crescimento de quase 16% no ano passado. A receita total passou de R$ 455 milhões em 2013 para R$ 527 milhões em 2014. O lucro líquido cresceu 17,8%, chegando a R$ 11,2 milhões. A inflação mostrou a cara no resultado da companhia, com os custos de produtos e serviços crescendo 20%, acima do crescimento de faturamento, portanto.

LPR

A empresa de locação de mobiliário para eventos de Londrina LPR Locações alcançou no ano passado uma receita total de R$ 164 milhões, mais do que o dobro dos R$ 78 milhões de 2013. O lucro da empresa também mais do que dobrou, passando de R$ 7 milhões para R$ 20 milhões. O portfólio de trabalho da empresa inclui a G+20 e a Copa do Mundo de 2014.

Farmacêuticas

Liderados pela Câmara de Comércio e o Consulado indiano, empresários de 17 companhias brasileiras viajam a Mumbai nesta semana para participar da IPHEX, feira mundial de negócios e exposição da indústria de medicamentos, que acontece de 11 a 15 de maio. Na delegação brasileira, estarão empresas como a curitibana Nunesfarma, Biominas Brasil, Zigma, Tausten Farmacêutica, além do poder público. A missão tem o objetivo de aproximar os dois países e a geração de novas oportunidades de negócios com a Índia.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]