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Outro dia, quando espairecia um pouco num café perto de meu escritório, escutei, meio sem querer, dois homens, um mais jovem e outro já com seus cabelos grisalhos, conversando sobre o medo que a crise atual lhes causava. Na verdade, quem mais falava de seus anseios era o jovem. Dizia, quase aos brados, temer perder seu emprego por causa de uma demissão coletiva que a empresa onde trabalhava estava prestes a anunciar. "Os rumores são que boa parte das funções consideradas ‘fracas ou supérfluas’ serão extintas e eu tenho a plena consciência que a minha é uma delas", dizia o mais jovem, sem muita perspectiva.

Mas a experiência de quem, provavelmente, já presenciou outras recessões e crises veio em forma de alguns conselhos que considerei inteligentes. "Ninguém tem a garantia de um emprego no Brasil. Os contratos de trabalho são bilaterais, porém, aqueles que mostrarem ser capazes de dar conta do recado com equipes cada vez mais enxutas serão bem quistos pelos empregadores", explicava o, aparentemente, experiente colega. E suas explanações não pararam por aí. Ele falou sobre a importância do comprometimento com o trabalho e a diferença que isso faz nos resultados da empresa. Ele explicou ao mais jovem que um bom profissional não é aquele que vive integralmente para a empresa, e sim aquele que está disponível sempre que ela necessita de seus serviços.

A conversa parecia não ter fim. Eu me encontrava cada vez mais envolvido naquele papo, chegando até a sentir vontade de interferir diversas vezes para acrescentar minhas ideias. Até que uma frase pareceu dar por encerrada a conversa deles. O jovem discordou de todos os conselhos do seu amigo, dizendo que já fazia muito pela empresa e que sempre deu o melhor de si para a realização de suas tarefas. Mas, antes que terminasse o que dizia, foi interpelado pelo outro, que afirmou: "Nós nunca somos bons o bastante e jamais devemos nos acomodar com o que fazemos. Quando chegamos ao estado de achar que já somos perfeitos para aquela função, descobrimos que, na verdade, há sempre o que melhorar e há sempre uma função maior e acima de nós para alcançarmos".

Ele tinha plena razão. Saí dali convicto de que o jovem refletiria sobre a conversa que teve com seu conselheiro e, principalmente, sobre as atitudes e comportamentos que poderia tomar para aperfeiçoar seu desempenho. Provavelmente deixaria de lado alguns pensamentos egoístas e egocêntricos e passaria a enxergar com maior clareza as intenções da empresa para que elas se tornassem suas também. Sendo assim, certamente buscaria seu auto-desenvolvimento para que, então, garantisse sua posição, fazendo dela uma função válida e não supérflua, como sempre julgou ser.

Creio que, independentemente deste momento, em que o mundo enfrenta uma crise, o profissional ideal será aquele que não se considera ideal. Será, sim, aquele que buscará aprimorar suas ideias sempre. Buscará alcançar as competências e conhecimentos necessários para sua função e para a seguinte, sem se deixar abater pelos obstáculos que surgem no caminho. Agindo e pensando assim, esses profissionais serão cobiçados hoje e amanhã, se não pela empresa onde atuam agora, por muitas outras, que chegarão aos seus nomes devido ao talento demonstrado no trabalho que executam com determinação.

É bom lembrar que as empresas não gostam de despedir funcionários competentes e aqueles que se relacionam bem com todos os níveis da organização e fora dela. Portanto, você que me lê, lembre-se disso: seja competente e bem relacionado. Assim, na hora do temido "listão", você será o último a ser lembrado.

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