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Marlei é uma daquelas pessoas que sempre acham que trabalham mais que os outros, que se esforçam o dobro e que não recebem ajuda de ninguém. Ela é gerente do Departamento de Recursos Humanos de uma fábrica de calçados, cargo conquistado após cinco anos de dedicação intensa. Seus esforços foram reconhecidos pela diretoria, que viu nela uma profissional com força de vontade e iniciativa. Porém, os chefes não perceberam que ela, além de possuir essas qualidades, também tem grandes defeitos. Marlei é centralizadora e não tem paciência com as pessoas – o que, dado o posto que ela ocupa, é uma grande ironia. Afinal, lidar com pessoas exige tolerância, compreensão, liderança e, sobretudo, gosto por gente.

Assim, a profissional foi recompensada pelos resultados pontuais que conseguiu trazer para a empresa, sem que suas habilidades comportamentais fossem julgadas. Na verdade, a própria organização considera as características de Marlei essenciais para a manutenção de um cargo de gerência. Por isso, ela é incentivada a gerar lucro, independentemente da maneira com que o faz. Isso significa que ela tem o aval para exigir o possível e o impossível de sua equipe, mesmo sem planejamento, apresentação de prazos viáveis ou gentilezas.

Marlei, na verdade, acredita que não importa o que fazer, contanto que agrade seus superiores. Ela destrata os funcionários, os prestadores de serviços, os fornecedores... Caso tivesse acesso aos clientes, talvez eles também sofressem com seu temperamento agressivo. Agressividade, a propósito, é a palavra que melhor define a profissional. Ela é chamada de elefante pelos colaboradores, que dizem que ela destrói tudo por onde passa: da auto-estima das pessoas à alegria e vontade de trabalhar delas. Marlei não tem consideração pelos sentimentos dos outros: ela acha que são todos parte de uma engrenagem sem personalidade nem vontade própria.

Por isso, um grande número de funcionários acaba deixando a empresa, sem justificativa aparente. Ela não é uma pessoa agradável para se conviver, pois nunca sorri nem se interessa pelas preocupações dos colegas. Ela acha que não é necessário estabelecer vínculos com os pares do trabalho – onde, segundo a gerente, as relações devem ser formais e estritamente profissionais. Ela não sabe nada da vida particular de ninguém da empresa e também não divulga sua intimidade. É considerada fria e calculista, mas admirada por seus superiores pela maneira competente com que administra seus problemas. Ao final do dia, ela volta para casa sozinha e às vezes se questiona por que sua vida pessoal é um terreno árido. Marlei é tida como uma profissional competente, mas no plano emocional tem deficiências graves e irreversíveis.

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Marlei não é diferente de vários profissionais que se encontram em posições privilegiadas em grandes empresas. Ela aprendeu que é preciso ser muito dura para chegar ao topo e não mede esforços para tal façanha. Ela, como muitos que estão no mercado de trabalho, é extremamente competitiva e focada em resultados, mas não possui habilidade para tratar as pessoas. Ela acredita que para obter sucesso é preciso ser esforçado – não agradável, muito menos gentil. A cúpula da organização pensa da mesma forma e segue a linha da subserviência e da pressão. Infelizmente, o mercado ainda incentiva profissionais como Marlei, que fazem tudo para se transformar em pessoas desumanizadas. A falta de jeito e de qualidades comportamentais continua sendo um dos maiores defeitos de um profissional.

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No ritmo da educação

O TIM Música nas Escolas é um projeto realizado por meio de uma parceria entre a TIM e secretarias municipais e estaduais da Educação, com o objetivo de possibilitar aos jovens o acesso a novas formas de aprendizagem e a promoção da cidadania, por meio da música. Estimulando o desenvolvimento de uma cultura pacífica nas comunidades e a melhoria no desempenho escolar dos participantes, o projeto possibilita a aprendizagem de conceitos básicos como harmonia, melodia, ritmo, letra e composição, sensibilizando para os diferentes gêneros musicais. Implementado em abril de 2003, a iniciativa hoje está presente em 42 instituições da rede pública de ensino de oito cidades brasileiras e beneficia cerca de 15 mil crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos. As ações compreendem a realização de oficinas de música nas próprias escolas. Os alunos passam por diversas formas de iniciação à música com músicos profissionais e arte-educadores, para terem um primeiro contato com os instrumentos e aprenderem a utilizá-los. Paralelamente a esse processo, ocorre a capacitação de professores para o projeto, com o acompanhamento de especialistas em educação.

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Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato: coluna@circulodoemprego.com.br, ou (41) 3352-0110. Currículos: cv@debernt.com.br

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