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Estranho como a cronologia influi nas nossas vidas. Levamos a sério a mudança dos números, como se com eles virassem junto o nosso calendário. A idade de nossas células nada tem a ver com a folhinha que está colada na geladeira.

E a nossa idade mental? O desenvolvimento da nossa lógica, o acúmulo de erudição, a formação cultural, tudo isso atrelado a um pedaço de papel com números e uma propaganda em cima. Nada é igual, tudo é semelhante. Uma micropartícula de um átomo começa a diferença, que não acaba mais. Só que o ano que iniciamos, para nós brasileiros, será muito mais importante que os anteriores.

Vamos ter uma nova eleição presidencial, importante e decisiva para o futuro do país. A lição os eleitores desavisados tiveram quando escolheram, sem estudar com profundidade, o dirigente máximo e o partido a que pertencia. É impossível agora cometer o mesmo erro. Será mais um ano de tensões internacionais com uma complexa relação entre o governo americano, envolvido num conflito sem solução visível no Iraque, além do combate no escuro com o terrorismo internacional. O avanço tecnológico tomará mais velocidade e teremos surpresas fantásticas nos meios de comunicação global, com a internet mudando radicalmente nossas vidas. Ninguém mais ficará isolado na era da alta evolução dos computadores.

Ah! Será o ano de nova Copa do Mundo, desta vez na civilizada Alemanha, com seus estádios incríveis e com uma organização beirando a perfeição. Serão todos contra nós. Os adversários tentarão se superar, encarando como o jogo mais importante da vida, o que fizerem como adversários do Brasil. Não haverá nenhum tipo de facilidade, só surpresas beirando o impossível. Parte do futebol que fascina os torcedores.

Junto com suas férias, aproveite para uma reflexão sobre o ano que passou, suas perspectivas possíveis para o que se inicia. Usando um chavão antigo, "pare pra pensar", não deixe a vida te levar, como canta o Zeca Pagodinho. Este tipo de opção só fica bem em sambas e pagodes. A realidade é diferente e a vida não é um desfile de carnaval. "Viver é perigoso compadre, viver extremamente perigoso", já dizia Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas.

Vamos para uma competição cada vez mais acirrada, numa sociedade cheia de falhas e injustiças e teremos que passar por cima, sem esperar que os governos atuem em nossa defesa. O Brasil ainda é um país que oferece oportunidades para uma escalada social e uma evolução individual. Vamos corrigir o que for necessário e seguir em frente. Ter fé e acreditar que é possível realizar o sonho desejado.

Meus melhores votos de felicidades a todos que me acompanham por esta coluna. Encerro com uma história singela de Antônio Carlos Jobim, nosso grande compositor. Tom, que teve grandes dificuldades na carreira, até que a bossa nova toma conta dos Estados Unidos e Garota de Ipanema vira uma das músicas mais tocadas do mundo, falou para o amigo Paulo Cezar de Oliveira:

– Já sou mais tocado que os Beatles, eles são quatro e eu sou sozinho.

Feliz Ano Novo!

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