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Era comum na imprensa internacional o retrato do politiburo soviético onde apareciam os homens do poder, em torno do líder Josef Stalin.

Os especialistas tentavam decifrar a força de cada um pela proximidade a Stalin. A ordem foi instituída a partir da morte de Lênin e a ascensão do georgiano.

Antes o partido comunista escolhia a composição do governo, depois o ditador passou a escolher sozinho o 1.º escalão, inclusive militar. Aos poucos a foto oficial mudava, quem caia em desgraça era suprimido da foto.

Outros entravam após a morte de Stalin. Com exceção a Nikita Krushew, cada vez mais aumentavam o número de medíocres no poder e o tempo diminuía. Agora o mesmo se repete aqui no Brasil. A foto em torno do Lula vai mudando gradativamente e, a oito meses do fim do mandato, os personagens históricos do PT já não estão mais ao lado do líder.

Caíram José Dirceu, Gushiken, Genoíno, Delúbio, Silvinho, Olívio Dutra, Benedita, Palocci e outros que compunham a base da sustentação de sua campanha política e do seu governo. É lógico, não se chega ao poder sozinho, muito menos se governa sem equipe. Um vôo solo são para raros líderes históricos, não é o caso de Luiz Inácio da Silva. Mas olhando de lupa os detalhes, o PT chegou ao poder depois de centenas de batalhas que consolidaram seu crescimento em todo o país. Agora o partido e o governo ruíram, perderam, bem ou mal, seus líderes e comandantes de escalões intermediários.

Afinal com que exército o general Lula enfrentará a batalha decisiva de sua vida? O núcleo de seus principais homens não existe mais. É dificílimo organizar uma campanha política a nível nacional, o Brasil é continental, e a logística é da maior complexidade.

Não basta apenas o candidato ser carismático ou ter um bom discurso, é preciso que as bases funcionem. O chamado triângulo eleitoral que engloba São Paulo, Minas e o Rio de Janeiro tem 42% dos votos válidos do colégio eleitoral. Nestes três estados o PT não tem nenhuma chance de vitória.

Em São Paulo José Serra possui 54%, Marta Suplicy 14%. Em Minas Aécio Neves não tem nem oposição e no Rio de Janeiro o PT sumiu.

Descendo para o Sul, no Paraná o PT tem 5% nas pesquisas.

Em Santa Catarina o governador Luiz Henrique deve se reeleger com folgas e no Rio Grande do Sul sobra uma faixa tradicional do PT que chega hoje aos 20% do eleitorado. Creio, e já escrevi aqui, que a eleição pode ser decidida no 1.º turno, pois haverá uma polarização entre Lula da Silva e Geraldo Alckmin do PSDB.

Os outros candidatos, com exceção do ex-governador Garotinho, não chegam a um percentual significativo. Erros seguidos levaram o Titanic de encontro ao iceberg moral que pôs a pique o imenso navio.

O comandante ficou sozinho no momento decisivo, em meio a turbulência do mar imenso e gelado. Perdeu a bússola, as máquinas pararam, a água invade os porões, em breve descerá a neblina que encobrirá o naufrágio sem salvamentos.

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