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Talvez seja falta de assunto. Talvez seja a ansiedade pós-moderna por todo tipo de informação. Talvez seja a genuína crença de tratar-se de algo importante. Talvez seja a noção de que, para o investidor, todo dado tenha alguma utilidade instrumental.

Talvez a razão não esteja em nenhum desses argumentos – ou, quem sabe, seja um pouco de cada um –, mas o fato é que creio que damos muita importância ao relatório Focus, do Banco Central. Esse é, em primeiro lugar, uma espécie de mea culpa, porque somos nós, jornalistas econômicos, que temos a tendência de valorizar excessivamente esse levantamento.

Esclarecendo melhor: o Focus é um relatório semanal elaborado pelo BC, em que a autoridade monetária compila estimativas sobre variáveis econômicas feitas por mais de uma centena de bancos, corretoras, universidades e consultorias. Cada uma dessas instituições faz, na sua área de pesquisa, previsões sobre o futuro da inflação, do câmbio, do crescimento econômico do país, dos juros, da evolução da dívida do setor público, entre outros. Toda sexta-feira, o BC atualiza essa coletânea, que é divulgada na manhã de segunda-feira seguinte. Cada milimétrica variação desses indicadores é registrada pela área de economia da maioria dos sites noticiosos.

Na maior parte das vezes, entretanto, esses dados significam muito pouco ou quase nada. Indicam, sim, uma tendência, mas podem ser tão discretos que qualquer variação pode ser revertida nas semanas seguintes. Para que tenham alguma relevância, devem ser analisados em prazos maiores – trimestres, quadrimestres. Fora disso, não terão grande utilidade.

Há uma paranoia por aí, segundo a qual o investidor precisa de dados sobre toda e qualquer movimentação econômica, em tempo real. Isso pode até ser verdade para alguns administradores de grandes recursos, que trabalham com grandes valores e em transações complexas. O problema é que isso contamina o pensamento do pequeno investidor, que não precisa checar as cotações da bolsa de minuto em minuto.

Você precisa ser responsável com seus investimentos, mas não deve transformá-los em uma máquina de fazer doido.

Mudando de assunto...

Enquanto escrevia esta coluna, ontem pela manhã, tive de interromper o trabalho para consertar uma tomada que não estava funcionando – a diarista precisava dela para passar a roupa. Confirmei algo que já sabia há muito: como eletricista, devo ser um bom colunista de jornal (pelo menos é o que presumo, mas deixo a decisão a respeito disso para o leitor).

Apesar de não ser nenhum expert, gosto de tentar consertar coisas. Mas admito: em grande parte das vezes, isso só me consome tempo, e poucas vezes consigo resolver problemas de verdade. Quem é como eu devia pensar em adquirir esses seguros que oferecem serviços adicionais de consertos domésticos. E eles nem sempre custam mais.

Na última renovação do seguro do meu carro, o corretor incluiu uma cobertura desse gênero porque ela resultava em um desconto maior – ou seja, ficava mais barato contratar o seguro com o adicional do que sem. Da próxima vez, vou chamar um especialista.

Agenda

A coluna da semana passada citou um artigo de Darren Dahl, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, para quem vendedores "esnobes" podem resultar em vendas melhores para marcas de luxo. Pois o professor Paulo Prado, do programa de pós-graduação em Marketing da UFPR, avisa que Dahl estará em Curitiba no dia 28 de maio, dando uma palestra para alunos de mestrado e doutorado da UFPR e da PUCPR.

Ele também será palestrante no encontro da Associação Nacional de Programas de Pós-graduação em Administração, que ocorre de 25 a 27 de maio em Gramado (RS). "Ele é um excepcional pesquisador na área de marketing e comportamento do consumidor", diz Prado. Boa oportunidade para conhecê-lo ao vivo.

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