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Pela terceira vez em oito anos, a rentabilidade da poupança ficou negativa |
Pela terceira vez em oito anos, a rentabilidade da poupança ficou negativa| Foto:

O cálculo é da Economa­tica, empresa que produz programas de computador para instituições financeiras: a caderneta de poupança perdeu para a inflação no período janeiro-abril deste ano. O IPCA do período ficou em 2,65%, enquanto a correção do dinheiro depositado nas cadernetas ficou em 2,10%. Para entender melhor o que isso significa, é importante voltar àquelas discussões malucas que aconteciam no começo do ano passado. Lá por março, representantes do governo e do Banco Central começaram a soltar comentários comparando os juros pagos pela caderneta com os fundos de renda fixa, e concluíram que era inviável manter a fórmula de remuneração da poupança. Motivo: ela era boa demais para o poupador, a ponto de causar problemas para a administração da dívida pública brasileira – sim, porque os tais fundos compram os títulos emitidos pelo governo, e, se os clientes mudassem para a poupança, o súbito empobrecimento destes fundos faria com que o governo se visse obrigado a pagar juros mais altos.

Naquele momento, o governo dizia que a rentabilidade da caderneta deveria ser suficiente para defender o poupador dos efeitos da inflação. Era a diferenciação entre "poupador" e "investidor" que alguns faziam e que, francamente, eu nunca consegui entender. Agora, a caderneta está perdendo para a inflação. Ela foi das alturas às profundezas em um ano.

A rentabilidade da poupança é composta por dois itens: a Taxa Referencial (TR), que equivale a uma correção monetária, e os juros de 0,5% ao mês. Só que em diversos momentos, desde abril do ano passado, a TR caiu a zero. Dos 119 dias entre 1º de janeiro e 7 de maio, em 46 o rendimento mensal das cadernetas ficou em 0,5% – o que equivale a uma TR "zerada". Juntando isso com a inflação em alta dos últimos meses, está feito o estrago.

A TR é formada por um cálculo complexo, que leva em conta os juros pagos pelos CDBs dos principais bancos do país e um redutor definido por lei. Também por norma, ela não pode ser negativa. Ainda bem.

Respeitável caderneta

Vale a pena recordar algo que foi bem comentado no ano passado. A caderneta de poupança foi, durante muito tempo, a única forma de investimento ao alcance da maioria das pessoas neste país. Ainda hoje é referência de segurança e simplicidade. Mesmo que seja necessário alterar as normas – e certamente será, porque os juros brasileiros não ficarão altos como estão eternamente –, não dá para tratar mal esse público. Até porque a caderneta de poupança ainda tem grande utilidade. Ela é, por exemplo, o investimento de entrada de quem não tem muito dinheiro. Sem investimento mínimo nem tributação, ela é a aplicação mais indicada para uma acumulação inicial – se você consegue poupar apenas R$ 100 por mês, o melhor é colocar esses recursos na poupança e, quando tiver guardado um valor mais polpudo, transferi-lo para uma aplicação mais rentável.

Também é perfeita para dar uma rentabilidade mínima a quem tem prazos curtos para investir – nessa faixa, aliás, ela continua imbatível. Imagine-se na situação de quem vendeu um imóvel e vai ficar com uma boa soma parada por três ou quatro meses antes de fazer um novo negócio. Em qualquer outra aplicação de renda fixa, ele pagaria muito em impostos e teria um rendimento líquido baixo. Na renda variável, correria risco de perder capital. A poupança é a solução para esse sujeito.E é segura, como você vê na matéria abaixo. Rendimento honesto, isento de IR, mas a inflação está maior.

Avaliação da Caixa

Dois leitores escreveram perguntando o que é a tal "Avaliação da Caixa" que aparece nos orçamentos de alguns empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida. O Paulo Cézar enviou um caso em que a construtora cobrava R$ 88.500 pelo imóvel, mas na avaliação constavam R$ 78 mil. Repasse a questão para a Caixa Econômica Federal, que explicou que a avaliação faz parte do processo de aprovação do programa, mas que não é o preço de venda do imóvel. "A diferença entre o preço do imóvel cobrado pelo empreendedor/imobiliária e a avaliação da Caixa pode variar para mais ou menos. Caso a avaliação seja superior ao valor cobrado pelo empreendedor/imobiliária, vale o menor valor", explicou a instituição.

Força, meninos!

Hoje não tem trilhão de dólares que segure as manchetes. O assunto do dia é a lista do Dunga. Nunca na história desse país tantas pessoas torceram tanto por um Ganso. E, claro, pelo Neymar também.

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