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A reconciliação dos Montecchio e dos Capuleto, em pintura de Lord Frederick Leighton, de 1855 |
A reconciliação dos Montecchio e dos Capuleto, em pintura de Lord Frederick Leighton, de 1855| Foto:

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—Que há em um nome?

A frase é de Shakespeare, faz parte da cena mais famosa de Romeu e Julieta – aquela em que o jovem apaixonado pula furtivamente o muro do jardim da família inimiga e testemunha a declaração de amor que ela lhe faz, sem saber que é observada. Julgando estar sozinha na sacada de seu palácio, ela questiona a inimizade violenta entre seu clã, o dos Capuleto, e os Montecchio, ao qual pertence Romeu. Momentos depois, quando ele se revela por trás dos arbustos e lhe dirige a palavra, ela pergunta, surpresa por encontrá-lo em território tão hostil:

— Não és Romeu? Não és um Montecchio?

— Nem um nem outro, formosa donzela, se os dois te desagradam.

Se fosse tão fácil se livrar de um nome sujo, a vida de muitas pessoas seria bem mais fácil. Mas não é, nem mesmo na literatura, e o fim trágico dos amantes de Verona demonstra isso. Nos últimos anos ouvi mais de uma dezena de histórias de ódio envolvendo amizades desfeitas e famílias divididas, tudo por causa do uso de nomes. Mas, parafraseando Julieta, o que há de tão especial em um nome, para despertar tanto rancor ainda hoje?

O dia a dia do crédito do século 21 não tem nada de cavalheiresco. Pessoas e empresas precisam de nomes (e CPFs) limpos para obter capital de giro, comprar a prazo de fornecedores e vender para certos clientes. Por diversas circunstâncias da vida e dos negócios, nem sempre todos conseguem se manter em dia com as obrigações todo o tempo. Empresas e profissionais – iniciantes, principalmente – podem sofrer com uma fase especialmente ruim ou um momento em que receitas e despesas se "descasam". Quando isso acontece, cheques voltam, protestos aparecem e os nomes caem em cadastros como o SCPC e o Serasa.

Mas é preciso continuar, e o consumidor/empresário romântico sempre acredita que vai superar todos os obstáculos. O problema é que resgatar todas as dívidas pode ser muito demorado ou mesmo impossível, dependendo do estrago feito. Poucos, entretanto, estão dispostos a começar tudo de novo. É mais fácil pedir um cheque emprestado ou abrir um cadastro em nome de um parente ou amigo. Pegar um empréstimo, rolar as dívidas, pagar com as receitas futuras e seguir adiante – uma receita que só funciona se tudo der certo; um mês de perdas e tudo vai por água abaixo.

Se o leitor está nessa situação, sugiro que pare por aí. A tragédia dos nomes começa assim. Uma pesquisa da Boa Vista Serviços (empresa que administra o cadastro do SCPC), divulgada no ano passado, mostra que 9,4% dos casos de inadimplência decorrem do empréstimo de nomes a outras pessoas. Essa é a terceira maior causa de inadimplência.

Além de prejudicar o acesso ao crédito da pessoa que cedeu o nome, essa prática destrói relacionamentos. Quem deixa de pagar a dívida se sente constrangido e envergonhado. O que emprestou o nome se sente lesado e enganado. Há casos de irmãos que deixam de se falar, casais que se separam, amigos que se tornam inimigos. Daí para pior.

Mudando de assunto...

O PIB de 2012, divulgado pelo IBGE na sexta-feira passada, mostrou uma leve elevação nos investimentos privados no último trimestre do ano. Essa será a variável decisiva para o crescimento econômico neste ano. Para dar uma ideia de seu impacto, o boletim Análise Mensal, da Universidade Federal do Paraná, trouxe uma estimativa de quanto o país pode crescer em três cenários, considerando um aumento de 5%, 10% e 15% na Formação Bruta de Capital Fixo (que é a "parte" do PIB que retrata os investimentos) e mantendo constantes os outros itens. O resultado aponta expansão de 2,66%, 3,72% e 4,86%, respectivamente.

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