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A última crise importante que atravessamos foi a de 2008/2009. Para ser bem justo, a verdade é que ela nem mesmo terminou – a economia da Europa e dos Estados Unidos ainda não se recuperou plenamente, apesar de diversos sinais positivos, principalmente pelo lado americano.

O momento de incertezas por que passamos agora no Brasil não é exatamente parte da grande crise dos últimos anos. É certo que uma parte dele – o estouro do câmbio – é resultado direto da recuperação americana e afeta todos os países emergentes. Mas são as fraquezas da economia brasileira que fazem com que ele seja mais intenso aqui do que, por exemplo, na Rússia. Além disso há a inflação, que por aqui é mais alta.

Em consequência dessas fraquezas e de alguma imprudência por parte da direção de algumas empresas, há o risco de alguns empreendimentos sofrerem demais. Para entender isso, nada melhor que olhar no retrovisor. As marteladas que o câmbio deu no período 2008/2009 fez algumas vítimas, empresas de grande que não estavam preparadas para a variação intensa da moeda americana. Aracruz e Sadia foram as maiores. As duas empresas estavam muito expostas à variação cambial, como se diz no jargão do mercado – ou seja, fizeram negócios e investimentos que só fariam sentido com o dólar estável ou em baixa, e que levaram a prejuízos com a alta repentina (em 2008, a cotação foi de R$ 1,60 a R$ 2,40 em menos de seis meses). Ambas as empresas acabaram vendidas.

É fato que, naquela ocasião, o choque foi muito mais intenso. De 31 de julho a 8 de outubro de 2008 – pouco mais de dois meses –, o dólar comercial subiu 52%. Desta vez, a alta foi de 25%, e em um período mais longo (8 de março a 22 de agosto de 2013). Mesmo assim, os impactos podem ser consideráveis.

Dados da empresa de informações de mercado Economatica, baseados nos balanços divulgados em junho, mostram que, em geral, as empresas brasileiras estão bem protegidas da variação cambial. Mas há algumas companhias mais suscetíveis a problemas. Uma delas é a MMX, empresa de mineração do grupo EBX, de Eike Batista. A dívida de curto prazo da empresa em moeda estrangeira equivalia a quase o dobro do caixa da companhia, uma situação bastante complicada. Isso não significa que a empresas vai quebrar. Mas a manutenção das altas do dólar pode ter um efeito bastante nocivo, com uma redução certa nos lucros ou um aumento no prejuízo, devido à despesa financeira. A MMX já está à venda – há mais de um grupo estrangeiro de olho nela, principalmente pelas licenças de mineração que a companhia possui. Maus resultados financeiros tendem a desvalorizá-la.

A crise de 2008 mudou a cara do setor de celulose, com a aquisição da Aracruz pela VCP, e de alimentos, com a compra da outrora poderosa Sadia pela Perdigão, que resultou na formação da BRF. Quem sabe o que o futuro nos reserva desta vez?

E eu com isso?

Quando as empresas dão lucro, é bom para todo mundo. É bom para os salários e para o nível de emprego, é bom para a arrecadação de impostos, é bom para os investimentos. O Brasil está passando por um período admirável em termos de emprego. Seria uma pena ver isso se desmanchar por causa do câmbio, não é mesmo?

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