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Uma das consequências mais incômodas da mudança na trajetória dos juros básicos brasileiros, anunciada semana passada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), está na possibilidade de ela mexer com as suas férias.

Explicando. Nos últimos anos, aumentou bastante o número de brasileiros que viajam ao exterior. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil mostram que, na comparação do período janeiro-julho de 2011 com os mesmos meses do ano passado, o número de passageiros transportados pelas companhias aéreas brasileiras em viagens internacionais aumentou 17,5%. E por que tanta gente está viajando para fora? Ora, porque está barato – procurando nas agências de viagens on-line é possível encontrar pacotes de sete dias em Miami, na semana do Ano Novo, por cerca de R$ 3 mil por pessoa, incluindo passagens e hospedagem.

O câmbio é fator-chave para isso. No passado houve momentos em que era preciso ter quatro reais para comprar um dólar; hoje R$ 1,65 é o bastante. O resultado é que o poder aquisitivo do brasileiro em viagem aumentou. Aí é que entra a Selic.

No Brasil, a cotação do dólar é bastante influenciada pela entrada de moeda estrangeira enviada por investidores, sempre interessados em desfrutar dos altos rendimentos das aplicações em renda fixa – cujo referencial, diga-se de passagem, é a Selic. Vale lembrar que o câmbio é um mercado como qualquer outro, sujeito à lei da oferta e da procura. Se há muito dólar entrando no mercado brasileiro, a oferta cresce e o preço baixa.

Se os juros caem, é provável que a entrada de dólares diminua um pouco. Assim, a redução da taxa Selic pode levar a um aumento na cotação do dólar no nosso mercado local. Chegamos às férias. E à Carolina.

Carolina é a leitora que escreveu para a coluna, na semana passada, contando que ela e o marido têm depositado entre R$ 300 e R$ 500 por mês na caderneta de poupança. O objetivo é fazer uma viagem em julho do ano que vem. Ela não diz se a viagem é doméstica ou internacional.

Se for internacional, levando em consideração o que foi descrito acima, talvez seja bom começar a comprar alguns dólares. "É bom aproveitar esse momento, en­­quanto está em baixa", aconselha o economista Lucas Dezordi, professor do FAE Centro Universitário.

Não que a cotação vá subir rapidamente. Os 12% ao ano da nova Selic ainda são muito, mas muito altos mesmo. Dificilmente se encontra aplicação em qualquer outro lugar do mundo que pague tanto com tão pouco risco. Portanto, o investidor estrangeiro não vai sumir de uma hora para outra. Como a tendência agora parece ser de juros em queda, é bem possível que as coisas venham a mudar no futuro. Por enquanto, o mercado está quieto: as estimativas de bancos e consultorias, que estão no boletim semanal Focus, se mantêm na mesma faixa – R$ 1,60 para o fim deste ano e R$ 1,65 para dezembro de 2012.

Para Carolina – e para quem mais estiver planejando viagem, seja em julho ou no próximo verão –, pode ser mais seguro guardar um pouco de dinheiro em dólar, desde já. Dezordi, aliás, sugere a moeda americana como uma maneira de proteger o capital do investidor contra a inflação que, acredita, pode vir por aí.

Poupança?

Carolina também pergunta se haveria investimento mais interessante do que a poupança para as suas economias.

Como ela tem perto de dez meses até a viagem, talvez o melhor seja mesmo deixar o dinheiro na poupança. Isso porque ela terá de pagar as passagens – uma parcela importante do custo total da viagem – algum tempo antes da partida. E as aplicações de renda fixa (como CDB, fundos DI e Tesouro Direto, entre outras) têm uma fórmula de tributação que é inversamente proporcional ao tempo de aplicação. Quanto menos tempo o dinheiro fica imobilizado, maior é o imposto. Se ele ficar seis meses, pagará 22,5% do ganho em Imposto de Renda, uma alíquota que praticamente iguala o resultado ao da poupança, sendo que esta última é muito mais simples de movimentar.

Quando comprar

Quem vai viajar no próximo verão já deve ficar de olho no preço das passagens e da hospedagem. À medida que se aproxima dezembro, fica mais difícil encontrar alguma boa oferta. Se os planos são para julho do ano que vem, a compra pode ficar para o início de 2012. Mas sempre é bom acompanhar sites que fazem comparação de preços de passagens.

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