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Você tem ido ao supermercado nos últimos dias? Deu uma passadinha pela banca das hortaliças? Se você teve essa experiência, talvez tenha arregalado os olhos ao ver os preços do tomate: R$ 8, R$ 12 – uma amiga encontrou por R$ 14,50 o quilo e saiu horrorizada, sem comprar nada.

Eu faria o mesmo, porque ninguém merece pagar tudo isso. O que é uma pena, por falar nisso. Lá em casa, nós costumamos fazer lanchinhos noturnos com bruschettas – aquele petisco italiano tradicionalmente feito com pão, azeite, manjericão, alho e tomate, muito tomate. Com o tomate a esse preço, as bruschettas estão proibidas até ordem em contrário.

Não há dúvidas de que a seca do verão passado influenciou a oferta do tomate, entre outros produtos. A produtividade das lavouras caiu, a qualidade do produto disponível não era boa e, em São Paulo, as feiras livres chegaram a (tentar) vender tomate por R$ 20 o quilo. Mas essa influência está se diluindo. Há três semanas o preço do tomate na Central de Abastecimento (Ceasa) de Curitiba vem baixando – na semana passada, ele caiu 14%.

Por isso é interessante observar as diferenças de preços entre os diversos estabelecimentos. No mesmo dia em que ouvi a história dos R$ 14,50, em um mercado perto da minha casa o preço era de R$ 8 por quilo. Em ambos os casos, posso considerar o preço alto, porque há algumas semanas ele raramente passava de R$ 4. Mas a enorme disparidade no preço da mesma variedade de tomatinho longa vida – 81% – é uma indicação de que algo está errado.

Supermercados têm estruturas fortes para a aquisição de mercadorias, cujo objetivo é obter custos baixos para manter sua competitividade. Como compram volumes muito grandes, eles têm condições de negociar melhor. Essas condições de negociação fazem com que as redes "suavizem" um pouco as grandes curvas de variação de preço.

Embora existam fórmulas consistentes para sustentar a formulação de preços, ela nem sempre é tão racional. Às vezes, o comerciante "testa" patamares de preço que lhe permitam elevar suas margens, jogando com a disposição do consumidor em aceitar um novo nível. Se der certo, melhor para ele. Por isso cabe ao consumidor julgar e, quando for o caso, usar sua principal arma de negociação – a decisão de não comprar.

No caso do tomate, o fato de ele ter sido rotulado como um causador do pico de inflação do primeiro trimestre do ano passado o colocou no imaginário popular como mercadoria cara, o que facilita a incorporação de um adicional ao preço. Os números, de certa forma, confirmam. Segundo dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral), de abril de 2004 a abril de 2014 o preço médio da caixa com 20 quilos de tomate subiu 454,9%. Para comparar, a batata lisa subiu 261,4% e a cebola, 53,6%.

O mundo dá voltas...

Ditado antigo diz que o mundo dá voltas, mas continua no mesmo lugar. Reli há pouco a coluna que saiu em 7 de maio de 2013. O título era "Não culpe o tomate", e o texto observava que produtos sazonais podem ter grandes elevações de preço, mas que isso faz parte do jogo econômico – o preço cai, assim que a próxima safra chega ao mercado.

Foi o que ocorreu: já no fim de abril de 2013, os preços começavam a baixar. E, mesmo com toda a justificável gritaria em torno das altas da hortaliça nas últimas semanas, uma comparação com o passado sempre ajuda a colocar as coisas em seu devido lugar. Segundo o IBGE, entre março de 2013 e março de 2014 a alta acumulada do tomate em Curitiba é de 5,73%. Menos que a inflação do período, que fechou em 6,36% na capital paranaense.

Atire o seu tomate...

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