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Pode ser genético ou cultural, mas o fato é que homens e mulheres de­­mons­tram muitas diferenças no trato do dinheiro. Uma delas está em uma pesquisa recente, divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs): de acordo com o levantamento, as mulheres são bem mais propensas a usar cartão de crédito, enquanto que os homens demonstram preferência clara pelo débito. Seria a guerra dos sexos, aplicada ao dinheiro de plástico?

Aos números:

• 31% das mulheres têm o cartão de crédito como meio de pagamento preferido, contra 22% dos homens;

• quando o tema é o cartão de débito, o resultado é o inverso – 23% de popularidade entre as mulheres e 30% entre os homens.

Isso não confirma, de modo algum, a lenda de que as mulheres são mais gastadoras que os homens. É possível concentrar os gastos no cartão sem perder o controle das finanças, da mesma forma que é possível contrair dívidas usando cheques, cartão de débito ou mesmo pagando as contas em dinheiro. O problema não é o meio de pagamento, mas o controle financeiro pessoal. O uso do cartão exige um pouco mais de autocontrole e de acompanhamento. Ele produz aquela sensação perigosa de compra sem culpa, já que o sujeito não precisa manusear dinheiro ou talão de cheques. Uma sensação que afeta tanto a homens como a mulheres.

Para que a fatura do cartão não se transforme em fonte de conflitos em casa, é preciso entender que homens e mulheres gastam de formas diferentes. E, então, transferir o foco do meio de pagamento para os serviços e mercadorias adquiridos. Mais importante do que o cartão usado é o produto comprado. Compras desnecessárias é que causam desequilíbrio financeiro.

Uma coisa boa que aparece na pesquisa da Abecs: o número de indivíduos que alguma vez deixou de pagar o valor integral da fatura tem caído ano a ano. O pagamento parcial, você sabe, é muito caro, com juros superiores a 10% ao mês. Em 2008, quase metade (49%) dos usuários de cartão já haviam cometido esse erro. O número caiu para 28% no ano seguinte e para 40% em 2010. Neste ano, está em 36%. Melhor assim.

Mudando de assunto...

Recebi no fim de semana um e-mail fazendo propaganda de uma corretora, que pretendia apresentar aos seus clientes o investimento em ouro. O texto dizia mais ou menos o seguinte: "Os preços do ouro estão subindo. Invista nas commodities mais negociados e comece a ter lucro agora!"

O leitor frequente da coluna sabe o quanto eu implico com esse tipo de abordagem. Real­mente, o preço do ouro está num longo período de alta – já temos 18% de alta neste ano na bolsa de São Paulo e 22% em Nova York (a diferença vem, principalmente, da variação cambial). Mas isso não significa que esse movimento vai persistir. Normalmente, ciclos longos de alta são um sinal de preços em queda na sequência.

É claro que o ciclo de alta pode se prolongar, mas usar o desempenho passado para justificar um investimento presente é, no mínimo, temerário. No máximo, criminoso. Desconfie.

Lanterna na popa

O comentário sobre o ouro me fez lembrar do título de um livro que, admito, não li. É o Lanterna na po­pa, autobiografia do economista Roberto Campos. Como muitos da minha geração e da anterior, sempre associei Campos ao regime militar e desconfiei de tudo que viesse dele. Não quis nem abrir a obra com medo de acabar simpatizando com a figura.

Mas o título, que Campos diz ser baseado numa citação do poeta inglês Samuel Taylor Coleridge, é um achado. Uma lanterna na popa só ilumina aquela porção de mar já navegada; o amplo oceano adiante continua às escuras. Eis aí uma imagem poética capaz de ilustrar a nota anterior: a performance passada de um ativo financeiro pode ter sido muito boa, mas quem pode garantir que não haverá um iceberg logo adiante?

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