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Homens e mulheres costumam olhar de formas diferentes para as questões ligadas ao dinheiro. É cultural, e se você der uma caminhada pelo shopping pode perceber isso pela postura de cada um diante das compras em potencial. Elas estão sempre atentas, eles andam como se estivessem precisando urgentemente de um café espresso. Duplo.

Além das diferenças ligadas ao gênero, cada pessoa tem seus sonhos, seus hábitos e manias. Tudo isso precisa se acertar quando um casal se une. Por isso é tão comum que o dinheiro seja um ponto de atrito nos casamentos. Muitas vezes não é pelo dinheiro em si, mas pelo que ele representa em outras áreas da vida – pelos presentes que podem ser ou não dados, pelas viagens juntos que podem ou não ser feitas, pelo enxoval do bebê que pode ser comprado ou adiado indefinidamente.

Entro nesse assunto em atenção a uma carta de um leitor, que conta ter feito um empréstimo da esposa para quitar o financiamento de um carro. Ele tinha R$ 10 mil guardados na poupança, mas esse valor ficou intocado. Em lugar disso, criou-se uma arquitetura em que ele pagaria a ela dois balões e dez parcelas mensais. Ele pergunta de que forma poderia economizar para cumprir com esses compromissos da melhor maneira – o rapaz diz que consegue guardar até R$ 1 mil por mês.

Dados os prazos e valores envolvidos, provavelmente a caderneta de poupança daria melhores resultados. Mas isso não parece ser fundamental. Mais importante é que ambos estejam de acordo a respeito do uso dos recursos da família. Pode ser interessante que cada um mantenha sua própria reserva, para gastar em despesas só suas, mas será impossível construir sonhos em comum se os recursos para isso (o dinheiro) forem administrados em separado.

Cada casal deve descobrir a forma de gestão financeira que funciona no seu caso. E deve fazer isso junto. Se não for assim, a chance de dar errado é grande.

Inflação resistente

"Preparem-se para um ano em que a inflação vai ser resistente." A advertência foi feita pelo economista chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, durante uma palestra, na semana passada. Ele argumenta que o ano já começa com os preços numa onda de alta – o IPCA do ano passado fechou em 5,91%, os preços dos serviços subiram perto de 7% – e que contê-la pode exigir bem mais do que subir os juros. "Você não chega a 4,5% este ano, a não ser que ocorra uma contração enorme na demanda. Isso seria quebrar o país", prossegue. Isso porque as empresas estão registrando aumentos reais em seus custos. E não vão querer limitar seus reajustes em nome do controle da inflação.

Ainda bem que o regime de metas estabelece uma banda para a meta de inflação, com 2 pontos porcentuais acima ou abaixo do centro (que é de 4,5%). Olhando agora, entretanto, dá impressão de que estaremos bem perto do topo dessa banda. No relatório Focus que o Banco Central divulgou ontem, as instituições "top 5", que mais têm acertado em seus prognósticos, apontavam para o fim deste ano um IPCA acumulado de 5,82%.

Como se proteger da inflação? As NTN-B, papéis do Tesouro Nacional vendidos por meio do Tesouro Direto, pagam a variação do IPCA mais juros. Elas são uma opção segura para encarar a turbulência que se anuncia.

E se a moda pega?

Os velhos boatos de mercado, que já fizeram milionários e arruinaram patrimônios, ganharam um amplificador potente com a popularização das redes sociais. Os rumores se alastram com muito mais rapidez, e seus efeitos podem ser muito maiores. Além disso, há personagens que concentram atenção no mundo virtual – e que, com isso, ganham um poder desproporcional em relação ao restante da humanidade.

Um exemplo está no caso do rapper 50 Cent, que pode ser investigado pelas autoridades americanas por fraude contra o mercado. Segundo informou o jornal New York Post, o artista sugeriu aos seus seguidores no Twitter que investissem em ações de uma empresa pouco conhecida de acessórios de moda. Ele, que é acionista da empresa, teria ganho quase US$ 9 milhões com o aumento repentino da demanda pelos papéis. Isso é ético? Dificilmente. Ainda mais levando-se em conta que os assessores de investimentos têm de seguir toda uma regulamentação que uma mensagem via Twitter não acompanha. 50 Cent tem 3,8 milhões de seguidores.

E se a moda pega por aqui? E se o Mano Menezes (1,7 milhões de seguidores), a Ivete Sangalo (1,9 milhão) ou o Luciano Huck (2,6 milhão) aderirem? Aí ninguém segura mais a Bovespa...

Perguntas e respostas

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