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Volta e meia alguém escreve para a coluna contando que tem um tanto de dinheiro guardado e quer investir em algo que renda mais do que a caderneta de poupança. Tempos atrás essa seria uma tarefa fácil: a poupança estava numa espécie de segunda divisão das aplicações financeiras, não ganhava de ninguém. Hoje em dia, entretanto, as coisas não funcionam mais assim.

Pegue o caso do Anderson, que tem R$ 3 mil guardados e contou ter capacidade para poupar mais R$ 300,00 por mês. Ele pergunta o que poderia fazer para obter um rendimento superior ao da poupança. Diz que chegou a pensar em usar o dinheiro para comprar ações da Vivo, mas desistiu. "Meu medo é não conseguir vender por um preço satisfatório até julho, quando precisarei do dinheiro", explicou.

Essa informação é crucial. "A primeira pergunta a fazer é sempre essa: qual é o prazo?", ensina o consultor de investimentos Friedbert Kroeger, da Financonsult. A resposta, nesse caso, já exclui de cara a bolsa de valores. "Costumo dizer que, para a bolsa, não deveria ir nenhum dinheiro de que o investidor irá precisar por pelo menos dois anos", observa Kroeger. "Melhor ainda seria pensar em cinco anos", completa. E o raciocínio é esse mesmo que o leitor fez – se as cotações caírem, Anderson perde dinheiro e seus planos para o futuro vão por água abaixo.

Descartada a renda variável, sobram opções de renda fixa. O problema, nesse caso, é a tributação. Aplicações em renda fixa têm uma tabela regressiva de Imposto de Renda, pela qual quanto mais tempo o dinheiro fica aplicado, menos IR ele paga. Uma aplicação com prazo inferior a 180 dias – é esse o caso de Anderson, que está disposto a manter o dinheiro por quatro meses, até julho – paga 22,5% de IR sobre o lucro do período. Isso já é um ponto negativo.

Há outros complicadores. Os fundos cobram taxas de administração. No caso dos CDBs, o problema é o valor: os bancos oferecem taxas melhores para quem investe valores altos, coisa de R$ 50 mil ou mais. Abaixo disso, os porcentuais não são tão atraentes.

Conclusão? "Para prazos inferiores a seis meses, a poupança é imbatível", diz Kroeger.

Trezentão

E os R$ 300 que Anderson consegue poupar todo mês? Para esse dinheiro há outras opções. Se o leitor quer manter o objetivo de guardar algum dinheiro em ações, isso é possível. "Regularidade é importante para fazer uma poupança em ações", orienta Kroeger. "Às vezes o preço vai subir, às vezes vai cair, mas é importante manter a regularidade e montar um preço médio de aquisição", diz.

No caso de valores baixos, como os R$ 300 do leitor, será preciso recorrer ao mercado fracionário. Explicando: as ações são normalmente negociadas em lotes-padrão (no caso da Petrobras, por exemplo, cada lote tem 100 ações), mas é possível comprar um número menor de papéis por meio do mercado fracionário. Normalmente, o preço nesse caso é ligeiramente diferente.

Uma última observação refere-se às taxas de corretagem, cobradas por bancos e corretoras em cada operação de compra e venda de ações. Essa taxa anda próxima de R$ 15,00 no mercado, o que é um valor bem alto para quem está comprando R$ 300,00 em ações. Equivale a 5% do valor da operação. "É preciso pesquisar, porque existem corretoras oferecendo taxas mais baixas no mercado fracionário", recomenda Friedbert Kroeger.

Pisos elevados

O leitor Daniel enviou um e-mail contando que está investindo em imóveis comerciais, para alugar. "Escritórios corporativos de lajes amplas, com pisos elevados, forro rebaixado", descreve. Nesses tempos complicados para investimentos, ele pede uma segunda opinião: vale mesmo a pena?

Fábio Araújo, economista da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, vota a favor. "Têm poucos imóveis desse tipo disponíveis, eles estão valorizados", diz. Mas isso vale só para aluguel – no caso de venda as coisas se complicam um pouco mais, porque as empresas não gostam muito da ideia de imobilizar o capital. Araújo conta que Daniel pode esperar de um imóvel como esse uma remuneração mensal de algo como 0,6% do capital investido, com um aluguel que varia de R$ 25,00 a R$ 45,00 por metro quadrado. "A variação é grande, porque o preço depende muito de fatores como localização e idade do imóvel, e a negociação é bem ampla", explica. É preciso que os escritórios estejam localizados em bairros centrais. Imóveis mais distantes são para usos específicos, e podem acabar encalhados.

Alguma dúvida?

Mande todas para financaspessoais@gazetadopovo.com.br. Comentários, sugestões e críticas também são bem vindos.

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