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É consenso por aí, tanto entre os economistas quanto entre o pessoal do varejo, que o brasileiro gosta muito de comprar a prestação. É um povo ansioso, que prefere ter o bem de modo imediato, nem que para isso tenha de prolongar o mal por meio dos juros pagos ao banco (ou à loja) que financia sua compra.

As vantagens de comprar à vista também são conhecidas – apenas ignoradas, muitas vezes. Por isso é interessante receber uma carta como a do Lucas. Ele conta que trabalha em uma concessionária e recebe todos os meses uma bonificação junto com o salário. O valor é variável, algo entre R$ 300 e R$ 500, mas uma coisa não muda: chova ou faça sol, Lucas guarda na caderneta de poupança a bonificação recebida. Seu objetivo é comprar um carro quando estiver para se formar. A dúvida dele: qual é a melhor aplicação em um caso como esse? Consórcio é uma boa opção?

Vamos começar pensando na poupança. Digamos que o leitor consiga guardar R$ 400,00 todos os meses. Contando com os R$ 1 mil que ele explica já ter na sua caderneta, e levando em conta uma rentabilidade mensal de 0,52% ao mês, em quatro anos ele terá acumulado R$ 23 mil. Dá quase para comprar um Ford Ka zero quilômetro, que custa perto de R$ 24.500. Negociando bem deve ser possível baixar um pouco esse valor.

E se ele quiser comprar esse mesmo Ford Ka por consórcio? Segundo simulação feita no site do Consórcio Nacional Ford, pagando uma parcela de R$ 400 seriam necessários 75 meses para quitar tudo. Dois anos mais do que usando a caderneta de poupança. Alguma dúvida sobre qual das opções é melhor?

Mas será que haveria alguma aplicação mais interessante do que a poupança para o caso do Lucas? É difícil. Quando se trata de depósitos em valores pequenos, ela funciona muito bem, com a vantagem de ter rendimentos isentos de imposto de renda. O que ele poderia fazer é acumular os recursos na poupança por um ano e meio e, já com uma quantia mais polpuda, buscar então outra opção para esse valor maior. É, no entanto, uma via mais trabalhosa, e o resultado pode não compensar.

O fato é que o Lucas está no caminho certo. Poupando com disciplina, vai para a festa de formatura dirigindo um carro novo.

O inverso

O estudante Raphael, também leitor da coluna, está na outra ponta. Ele vendeu um carro, está com R$ 20 mil no bolso, mas está sem emprego. Quer deixar o dinheiro investido, mas sabe que – pelo menos durante um tempo, até aparecer uma nova colocação – terá de sacar R$ 500,00 por mês para pagar a faculdade. Ele quer saber se é uma boa ideia aplicar os R$ 20 mil em CDBs.

Tudo vai depender dos planos dele. Mas, de qualquer forma, como terá de sacar um tanto por mês, uma parte do dinheiro terá de ir para outra aplicação, como a caderneta de poupança. Isso porque o investimento em CDB é tributado e, se o dinheiro ficar pouco tempo na aplicação, o Imposto de Renda pode comer uma boa parte do rendimento – para tirar melhor proveito da escala regressiva de tributação, o melhor é deixar o dinheiro paradinho nos CDBs por dois anos ou mais. Se isso for possível, o Raphael pode deixar metade na poupança e metade em CDBs. Caso contrário, melhor deixar na poupança, de onde dá para sacar a qualquer hora sem pagar nenhum pedágio, nem para o governo, nem para o banco.

Tempo

Como já deu para perceber pelos casos dos dois leitores, o tempo é variável crucial para quem quer investir. Quanto mais tempo você tiver, mais o dinheiro pode crescer e menos importante fica o impacto de tarifas e tributos.

Educação financeira

Já falei sobre isso antes, mas não custa lembrar. Esta coluna não pretende convencer o leitor a comprar coisa alguma, nem quer indicar produtos ou serviços de quem quer que seja. Não vou indicar carteiras nem dizer se você deve ou não comprar determinada ação. A responsabilidade de escolhas como essas devem ser do próprio investidor – é por isso que o tema principal dessas linhas é a educação financeira.

No mais...

... estou aberto às suas críticas, reclamações, comentários e dúvidas. Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br

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