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Três observações adicionais sobre as pirâmides financeiras do momento, que foram assunto desta coluna na semana passada e de reportagem do jornalista Pedro Brodbeck publicada ontem aqui na Gazeta:

1) na matéria de ontem, o promotor Maxililiano Ribeiro Deliberador observa que "os grupos mudam de nome e de ramo de atividade, mas continuam com a prática" da pirâmide financeira. De fato, sites especializados em mapear operações do gênero dizem que isso vem ocorrendo. E apontam semelhança entre grupos que operam no Brasil com outros, em especial o Zeek Rewards, que deixou de operar há alguns meses. Em janeiro, a Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos (FTC, organização semelhante à Comissão de Valores Mobiliários brasileira, responsável por regulamentar e fiscalizar o mercado de capitais) encerrou as atividades de um grupo chamado Fortune Hi-Tech Marketing (FHTM), acusada de lesar 100 mil consumidores nos Estados Unidos, Porto Rico e Canadá. A FHTM prometia que os representantes poderiam faturar US$ 120 mil por ano por meio de uma rede de vendas que incluía tevê a cabo, alarmes residenciais, serviços de telefonia e produtos de beleza. Algo bem similar às atividades dos grupos acusados de organizar pirâmides no Brasil;

2) veja a advertência que a FTC faz em seu site, como parte de uma apresentação feita em um seminário de questões regulatórias no mercado financeiro: "Enquanto novos casos permitiam um refinamento da lei nos anos 1990, mudanças ocorreram no mercado. Esquemas de pirâmide voltaram, com uma vingança. Como a maioria das atividades econômicas, as fraudes ocorrem em ciclos, e novos esquemas exploraram uma nova geração de consumidores e empreendedores, que não haviam testemunhado os problemas com pirâmides nos anos 1970. Além disso, a globalização da economia criou uma nova vitrine para os criadores de pirâmides. Esquemas encontraram solo fértil em economias emergentes, onde esse tipo de fraude era anteriormente escassa ou desconhecida". No caso brasileiro, as catástrofes a serem lembradas são os esquemas dos anos 90 – Boi Gordo e Avestruz Master, em especial. Casos que ocorreram em uma época em que os atuais distribuidores desses esquemas eram, no máximo, adolescentes;

3) convém lembrar que as Fazendas Reunidas Boi Gordo tinham endereço conhecido e donos que viviam nas colunas sociais de sua época. Mesmo assim, trouxeram prejuízo bilionário ao mercado brasileiro. No caso dos globalizados esquemas atuais, quem vai responder pelo prejuízo? Algum empresário obscuro de Massachussets? Se você entrar nesse negócio e descobrir algum problema – qualquer problema, de uma ação trabalhista a um processo criminal –, você sabe quem deve processar?

Depois da última coluna, recebi e-mails falando de negócios – verdadeiros ou virtuais – de que nunca havia ouvido falar e que parecem muito, muito estranhos. Sugiro ao leitor que trate qualquer proposta de negócio não-convencional com muito cuidado. Se a oferta destacar com muita ênfase que não se trata de uma pirâmide, tome mais cuidado. Essa não é uma advertência minha: vem do site do governo australiano que monitora fraudes financeiras. Se você lê inglês, pode conferir em www.scamwatch.gov.au, lá tem um link específico sobre pirâmides e informações sobre várias outras armadilhas globalizadas.

E agora?

O problema das pirâmides é que, quanto mais se fala delas, mais frágeis elas ficam. O gajo fica desconfiado e não cai na arapuca, o que desestabiliza os ganhos dos que entraram antes. Sai de baixo!

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