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Até onde você acha que a inflação vai? E, como consequência, até onde você acha que os juros podem subir?

Por mais que o brasileiro seja pessimista em relação ao país, dificilmente alguém arriscaria aqui um prazo muito longo. A inflação vai ceder – provavelmente só no ano que vem, infelizmente – e caminhar mais para perto da meta de 4,5% ao ano (que, aliás, é meio alta demais; bom mesmo seria se o Conselho Monetário Nacional revisasse logo esse objetivo para baixo). Esse não deve ser um processo assim tão simples: o Brasil vai crescer menos nos próximos meses, empregos deixarão de ser gerados. Mas vai acontecer. E os juros cairão.

A questão é importante para quem está pensando nos seus investimentos de longo prazo. Quem olha somente para os próximos dias está preocupado em tirar proveito da alta. Pode até esperar que uma nova elevação da Selic para o mês que vem – e, nesse caso, o caminho mais indicado é manter as aplicações em categoria de papéis pós-fixados.Mas quem olha mais adiante continua a ver um cenário em que os juros irão, em algum momento, convergir para a média internacional. Esse caminho voltará a ser trilhado assim que a inflação voltar para uma faixa segura.

Muita gente já se deu conta disso. Um sinal pode ser visto no gráfico ao lado, que mostra a evolução do estoque de títulos do Tesouro Direto aplicados em papéis com prazo acima de cinco anos. Ele vem aumentando de forma constante, sem parar, desde fevereiro do ano passado. Os investidores que embarcaram, nessa opção são, majoritariamente, pessoas que compraram títulos pré-fixados e pretendem garantir os juros relativamente altos de hoje em dia por um tempo maior. Digamos, por exemplo, que o Brasil de 2023 tenha juros básicos compatíveis com a normalidade global – algo como 2% ou 3% ao ano, no máximo. Nesse cenário, não seria excelente receber de antigas aplicações um rendimento de 8% ao ano? Pois é isso que essa turma está querendo.

Esse jeito de pensar corresponde a uma mudança importante de ponto de vista. Há pouco tempo – eu mesmo escrevi sobre isso em setembro de 2011 – havia no mercado um consenso de que "só otário compra títulos públicos de longo prazo". Isso porque é comum que as ideias sobre a gestão da dívida pública mudem muito de um governo para o outro. Para quem tem títulos da dívida como investimento, essas mudanças são um risco muito grande. Talvez as transições suaves que experimentamos nos últimos governos (Fernando Henrique, Lula, Dilma) tenham se entranhado na memória e injetado confiança nas instituições e na continuidade dos compromissos econômicos. Mas o fato é que o porcentual de aplicações de prazo inferior a um ano caiu, e o longo prazo cresceu. A ponto de, em abril passado (último dado disponível), 29% do estoque de títulos ser de prazo superior a 10 anos.

A razão de olhar longe

Há algum tempo, em uma reunião social, os convidados recordavam seus sonhos infantis, o velho "o que eu vou ser quando crescer". Uma pedagoga de seus 30 e poucos anos lembrou que queria ser herdeira. Outros descreveram aquelas aspirações que tantas vezes ouvimos: artista de novela, cantor/cantora, piloto de Fórmula 1, jogador de futebol famoso. Eu lembrei que meus desejos oscilavam entre de ser astronauta e milionário. Em comum em todas essas histórias havia o fato de que, quando crianças, sonhamos em fazer coisas divertidas e em viver despreocupadamente (e, se possível, heroicamente). Sem nos preocupar com dinheiro.

Crescemos. E precisamos manter um olho no saldo bancário, comprar alimentos, adquirir bens e planejar o que vamos ser daqui a 20 ou 30 anos, quando chegar a idade da aposentadoria. Coisas que exigem um mínimo de conhecimento e de planejamento.

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