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Coloque na busca do Google as expressões “hora de investir” e “bolsa”. Preste atenção nas datas das respostas. Você vai perceber que tem gente dizendo há mais de um ano que está na hora de comprar ações, porque elas estão muito baratas. Uma hora tinha de acontecer.

Neste ano, parece que alguma coisa destravou. O Ibovespa já subiu 8% no ano. Parece ser um bom sinal, mas é bom lembrar que as coisas andaram muito feias: só em dezembro do ano passado, a queda tinha ficado em 8,16%. Ainda haverá uma boa dose de emoção antes que seja possível ver com clareza.

Mas vai ser possível sentir o clima no fim desta semana. Na sexta ocorre o início das negociações de papéis da Par Corretora de Seguros, cujo principal sócio é a Caixa Participações. Será a primeira Oferta Pública Inicial (IPO na sigla em inglês, que todo mundo usa no mercado financeiro) do ano – em 2014, só houve uma e, em 2013, foram dez.

Vai dar para sentir se há, realmente, apetite por negócios nessa área. Quem sabe não deslancha?

Eles estão voltando

Na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região anulou a condenação do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que tinha pegado 21 anos por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Há duas semanas, Eike Batista teve seus bens desbloqueados e agora já pode andar de Lamborghini sem ter de pedir carona a ninguém.

É, eles estão voltando. E, com o retorno deles, vai embora uma parte da impressão que a gente tinha de que, finalmente, haveria punição para os grandes crimes financeiros neste país. E talvez alguns não enxerguem, mas a impunidade de gente desse calibre faz muito mal ao ambiente de negócios do país.

Muita gente perdeu muito dinheiro com as ações do conglomerado X, de Eike Batista, que eram muito mais planos de negócios otimistas do que companhias operacionais. Em poucos meses, papéis que eram destaques do mercado passaram a ser negociadas por trocados – “viraram pó”, como se diz no jargão do mercado. E perderam também com o Banco Santos, de Edemar Cid Ferreira: com a falência da instituição, cujo patrimônio era insuficiente para cobrir o prejuízo causado pelo que o Ministério Público considerou gestão fraudulenta, cada investidor só podia sacar R$ 20 mil.

Escândalos podem ocorrer em todo lugar. No Reino Unido, está em andamento o julgamento de Thomas Hayes, ex funcionário do Citi acusado de integrar um grupo que manipulava a taxa de juros interbancária, a Libor. Os bancos envolvidos já foram multados em US$ 9 bilhões. Na semana passada, seis bancos europeus e americanos foram multados em US$ 5,7 bilhões por manipular taxas de câmbio.

A diferença é a punição. Primeiro, há certeza de que as multas serão, de fato, pagas. segundo, há um sério risco de os responsáveis serem condenados a longos períodos de prisão. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Kenneth Lay e JeffreySkilling, considerados os responsáveis pela gestão fraudulenta na energética americana Enron, que decretou falência em fins de 2001. Skilling pegou 20 anos e quatro meses, além de ter de pagar US$ 630 milhões ao governo americano. Lay estava para pegar 45 anos de cadeia, mas morreu antes de terminar o julgamento.

Como as punições, por aqui, ainda não alcançaram os chefes, o investidor tem a sensação de que há sempre um risco a mais além daqueles que são inerentes aos negócios: o risco de estar sendo enganado por gente inescrupulosa e desonesta.

Quem sabe a Operação Lava Jato não lava também nossa reputação nessa área?

Como investir?

Este é um espaço de educação financeira e discussão sobre economia e finanças pessoais. O colunista não pode indicar empresas ou produtos financeiros. A ideia, aqui, é dar informação para que você possa entender e escolher melhor, sem cair na conversa de ninguém.

Então, se quiser, pode escrever para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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