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Não conheço o Reginaldo. Mas o pessoal do banco Pan (antigo Panamericano), do Itaú e da financeira Losango conhecem. E, por alguma razão desconhecida, têm em seus cadastros o meu celular, em vez do número do Reginaldo.

Não teríamos problema com isso se as contas do Reginaldo estivessem em dia. Não estão. Por isso, nos últimos três ou quatro anos venho recebendo ligações e mensagens sobre os débitos dele. As mais recentes vieram da Losango, empresa que pertencia ao HSBC e que, com a venda das operações brasileiras, passou recentemente ao controle do Bradesco.

Em agosto, a instituição avisou que havia protestado o CPF do Reginaldo no cartório. No sábado passado, uma nova mensagem por celular (toda gritada em maiúsculas) dava a ele a oportunidade de negociar os valores, acessando um site.

Há poucos dias ouvi o desabafo de uma amiga que recebia todas as manhãs, antes das 8h, ligações de call centers de bancos e de empresas de cobrança procurando por um certo Jovenato, de quem ela nunca havia ouvido falar. O que me leva a imaginar que não se trata de um problema incomum. E, com a inadimplência em níveis consistentemente altos, a possibilidade de erros acontecerem é razoável.

Desde o início de 2011, data de início da série histórica disponível no site do Banco Central, a taxa de contas com atraso superior a 90 dias não baixa de 5%; em agosto deste ano, tínhamos 6,18% de inadimplência. Esses números se referem a recursos livres do sistema financeiro – ou seja, incluem apenas dívidas com bancos, financeiras e consórcios, entre outras instituições do setor, e não incluem dados de financiamentos habitacionais e crédito agrícola.

Reginaldo, você não está sozinho. Muita gente no Brasil está devendo, na mesma situação que você. Acertar as contas só depende de você: o processo começa com um levantamento de quanto você ganha, quando você gasta e quanto deve – assim será possível definir o valor da parcela que você consegue pagar para quitar tudo. Procure as instituições financeiras e negocie. Não aceite as primeiras propostas deles, mas não deixe de negociar. Em especial quando as dívidas tiverem atraso superior a 180 dias. Nesse caso, o Banco Central manda o banco fazer em seu balanço uma provisão no valor de 100% da dívida (ou seja, na contabilidade do banco, ela consta como prejuízo). Sendo assim, qualquer valor recebido é melhor que valor nenhum.

E aproveita para atualizar o número do telefone no cadastro do banco, por favor, Reginaldo!

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