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Você já recebeu o carnê do IPTU? E a fatura do IPVA? Já decidiu se vai pagar à vista ou a prazo?

A forma de pagamento dos impostos é uma questão clássica do início do ano. Todo mundo já perguntou a si mesmo se é melhor aproveitar o desconto já ou manter o dinheiro investido e parcelar. Então vamos conversar um pouco sobre ela.

Antes de fazer qualquer cálculo, a primeira coisa que você precisa saber é se tem mesmo o dinheiro. Não é uma questão boba. Muita gente acredita que está obtendo uma grande vantagem fazendo a quitação antecipada do imposto, mas depois acaba terminando o mês no vermelho e pagando ao banco os juros monumentais do cheque especial. Mau negócio.

Evitar essa armadilha é fácil para quem tem suas contas controladas e tem à mão uma previsão de receitas e de despesas. Se não é o seu caso, talvez esse deva ser o seu primeiro objetivo, antes mesmo da questão dos impostos: construir um controle financeiro confiável.

Se você tem dinheiro suficiente no bolso, pode passar para o segundo passo, que é a comparação do ganho potencial das suas aplicações com os juros embutidos na parcela do imposto. Tecnicamente, o desconto é uma forma de os governos anteciparem receita no início do ano, um período em que a sazonalidade da economia joga contra as finanças públicas – as empresas produzem menos, vendem menos e pagam menos impostos. Do ponto de vista das finanças práticas do cidadão, entretanto, o imposto é como se fosse uma compra qualquer. Imagine que você fosse comprar um aparelho de tevê. À vista, ele custa R$ 1,7 mil. A prazo, o valor final é de R$ 1.750. A diferença equivale aos juros cobrados no período. "Nunca é demais lembrar que o desconto para pagamento à vista é sinônimo de juro no pagamento parcelado", diz o professor Pedro Piccoli, que leciona Finanças na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No caso do IPTU de Curitiba e do IPVA paranaense, esses juros embutidos estão entre 22% e 23% ao ano, que equivalem a perto de 1,7% ao mês. Esse é o número-chave: se os seus investimentos pagarem juros mensais maiores do que esses, vale a pena deixar o dinheiro investido e parcelar o imposto. Do contrário, esqueça. Agora, pergunto: que aplicação financeira hoje em dia paga 1,7% ao mês? Mesmo que você conseguisse isso, que risco teria de correr no mercado para obter tal taxa?

A ideia de bater o desconto com ganho financeiro é antiga, do tempo em que o overnight dava ganhos de dois dígitos ao mês. Hoje em dia essa possibilidade está extinta.

Lembra dele?

Melhor incluir a explicação, porque lá vão 25 anos desde que a palavra "overnight" era de uso corrente. Overnight é a taxa diária de operações no mercado aberto de juros. Nos anos 80, quando a inflação passava de 50% ao mês, as pessoas faziam aplicações de renda fixa com prazo de um dia – eram as aplicações de que fala a nota acima.

Se você já sabia, tudo bem. Mas pode até fingir que não conhecia o assunto. É o tipo de informação que delata a idade da pessoa.

Mudando de assunto...

Um estudo do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Admi­nistração, de São Paulo, mostrou que a intenção de compra dos brasileiros está em queda. Segundo o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, a inflação e a inadimplência são a principal causa dessa diminuição.

Pelo mundo afora, as pessoas estão comprando menos por causa da crise, com medo do desemprego. No Brasil não temos esse problema. A fonte das nossas aflições é outra. Vale lembrar que parte da culpa pela inadimplência é dos juros. A outra parte é dos brasileiros que aceitam pagá-los.

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