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Olha o bom exemplo que o leitor Éderson mandou, por e-mail. Quando seu primeiro filho nasceu, em julho de 1994, ele e a esposa abriram para ele uma caderneta de poupança, e passaram a fazer depósitos mensais em nome dele. "Pensando na faculdade", escreveu Éderson. O valor recolhido era equivalente a duas carteiras diárias de um cigarro de marca popular (eles escolheram o Plaza como "indexador"). O rapazinho está prestes a completar 16 anos, e tem na conta R$ 45.595,02. Três anos depois nasceu a segunda criança, e o casal seguiu a mesma fórmula – o segundo filho tem guardados R$ 40.253,06.

Éderson não explicou por que escolheu o cigarro como valor de referência. Em todo caso, é interessante a sua escolha de um produto "palpável", de mercado, para servir de parâmetro para os depósitos. Ajuda a tornar a coisa toda mais simples e os cálculos, mais fáceis de fazer. Quer tentar também, mas prefere deixar o cigarro de lado? Escolha outro produto, o efeito é o mesmo. No caso do leitor, o depósito mensal está em torno de R$ 230,00.

Agora, um lembrete: de nada adianta fazer uma ótima poupança para os filhos se eles não forem preparados para lidar com dinheiro. A gente sabe que, em se tratando de dinheiro, dissipar é bem mais fácil do que acumular. Educação financeira é a chave.

Juízo, meninos.

Surrealismo imobiliário

Em fins do ano passado, citei aqui na coluna o ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani. Em palestra em Curitiba, ele havia dito que nunca toma decisões sob pressão. Se alguém lhe faz alguma oferta do tipo "só hoje", ele prefere dizer "não, obrigado". Decisões rápidas, ensinou, trazem em si o risco de arrependimentos duradouros. Não pude deixar de lembrar disso no domingo, quando dei uma passada no plantão de vendas de um lançamento imobiliário.

Era o primeiro fim de semana depois do lançamento. Minha primeira constatação foi que parecia uma quermesse. Estava cheio de gente, tinha balões, refrigerante de graça, cama elástica e palhaços andando de perna de pau. Depois, veio o corretor mostrando a maquete e explicando porque é tão legal que o condomínio tenha um centro de cuidados para animais de estimação. Em seguida ele explicou que, apesar de toda aquela farra, não tinha mais o que vender. Os apartamentos – quase 300 – estavam todos marcados como vendidos no imenso quadro pendurado na parede. Talvez fosse pela promoção que dava prêmios para quem fechasse o contrato naquele dia.

Não me entenda mal. Eu tenho cachorro, não tenho nada contra refrigerante de graça e gostaria de ter uma perna de pau– daria um toque de surrealismo no meu dia, na hora de trocar as lâmpadas lá de casa. Mas não creio que seja uma boa política decidir em poucas horas um investimento de R$ 200 mil. Nem mesmo para ganhar uma tevê de graça. Além do que, vi outros imóveis equivalentes, a preços melhores.

Meu palpite? Ou as imobiliárias envolvidas no lançamento estavam mentindo ou alguém com muita bala na agulha comprou boa parte dos apartamentos.

"Não quero mais"

Semana passada, conversando com um agente de investimentos de uma corretora, perguntei se ainda tem gente que não se recuperou das perdas com a última crise, em 2008. Ele explicou que, muitas vezes, eles fazem um trabalho de busca ativa de clientes. A partir de listas com nomes e telefones, eles entram em contato com pessoas com potencial para investir em ações e fazem propostas para que conheçam os serviços da empresa ou participem de algum evento. Algumas dessas ligações chegam a pessoas que tiveram perdas pesadas na crise passada. E uma resposta comum é "não quero saber disso nunca mais".

Sinal de que, provavelmente, estavam sendo mal-assessorados e haviam concentrado recursos demais numa aplicação que, convenhamos, sempre foi de risco. O que é uma pena, porque a bolsa continua sendo uma boa forma de diversificar investimentos.

Quer contar a sua história?

O Éderson contou o que tem feito para garantir os estudos das crianças. E você? Tem alguma experiência para repartir? Conte pra mim pelo financaspessoais@gazetadopovo.com.br. Mande também sua crítica, comentário ou sugestão para a coluna.

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