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Inflação, simplificando um pouco o que diz a literatura especializada, é o aumento generalizado nos preços de mercadorias em um determinado período. Agora releia a frase anterior, com ênfase na palavra "generalizado", porque ela é parte importante da conversa, embora tenha sido esquecida em debates recentes.

Fala-se muito na alta de produtos como tomate e cebola, que têm subido muito em meses recentes. Essas altas são relevantes e têm reflexo em índices como o IPCA (que serve de referência para as metas do governo federal) e INPC. Mas são produtos sazonais, cujo preço sobe em períodos de entressafra e cai depois da colheita – esse, pelo menos, é o ciclo normal. Sendo assim, ninguém deveria estar tão preocupado com eles.

Mais ainda: somados, o tomate e a cebola respondem por 0,45% do resultado final do índice. Imagine se, nos últimos 12 meses, todos os outros produtos tivessem mantido o mesmo preço e apenas o tomate e a cebola tivessem subido. A inflação seria de 0,50%. Mas não foi assim. Como o IPCA acumulou 6,59% de alta, é preciso encontrar outros culpados.

Ocorre que muitos preços estão subindo de modo consistente. Não tanto quanto a dupla do vinagrete, mas com um fôlego tão grande quanto. E isso continuará a ser preocupante amanhã, quando o IBGE deve anunciar que a inflação de maio recuou um pouco na comparação com abril. É possível até que representantes do governo encham a boca para falar em desaceleração. Convém, entretanto, ser mais desconfiado.

Inflação acima de 6% é muito. Veja o exemplo internacional: no ano passado, nenhuma das 36 economias classificadas pelo FMI como avançadas – um rol meio discutível, que inclui uma turma que só está lá por fazer parte da União Europeia, como Chipre e Malta – teve inflação sequer próxima dos 6%. Na verdade, apenas a sofrida Islândia ficou acima dos 5%. A média das economias avançadas ficou em 1,9% em 2012 e deve ficar em 1,6% neste ano.

Para se proteger da inflação o grande segredo não está nos investimentos, mas em compras inteligentes. As pesquisas de preços são mais necessárias do que nunca. Aproveitar uma boa promoção no supermercado ajuda muito.

Olho vivo!

Mudando de assunto...

Consumir qualquer coisa em um aeroporto custa caro, a gente sabe. Pelo fato de os passageiros não terem para onde correr, cafés e lanchonetes estabelecem preços muito superiores ao do comércio livre do mundo lá fora. Mas sempre pode ser pior – experimente, por exemplo, pagar em moeda estrangeira.

Na sexta-feira passada, uma passageira fez seu lanche no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Por um pedaço de torta salgada e uma água de coco, pagou R$ 14,60. O recibo discrimina o preço para quem fosse pagar em dólares: US$ 9,73. Pela taxa do dia do Banco Central (R$ 2,0093 por dólar), esse preço equivale a R$ 19,55. Pela cotação das casas de câmbio (R$ 2,15), a conta subiria para R$ 20,92.

Ou seja: o turista estrangeiro está pagando entre 33% e 43% a mais. Isso é que é hospitalidade...

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