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A vinícola gaúcha Lídio Carraro lançou o vinho oficial da Copa do Mundo. A fabricante de instrumentos musicais Waldman pôs à venda o cavaquinho oficial da Seleção Brasileira. A Sadia colocou diversos produtos no mercado, entre eles o Aperitivo Oficial da Seleção Brasileira (iscas de frango, espero que Júlio César não fique com inveja) e o Escondidinho Oficial da Seleção Brasileira.

Esses são apenas alguns dos produtos mais chamativos, mas há mais. Escolas de inglês, por exemplo – há o curso oficial da Seleção Brasileira (a online EF Englishtown) e a escola oficial da Copa (Wise Up). Isso sem contar o banco, o cartão de crédito, o achocolatado, o xampu anticaspa oficial da Seleção Brasileira... Até a exótica Brahma Seleção Especial, cerveja cujo fabricante alega incluir cevada cultivada na Granja Comary, local de treino da CBF.

Não sei como você se sente quanto a isso, leitor, mas eu creio que essa proliferação de produtos licenciados passou dos limites. Dia desses, aliás, minha família deixou de comprar um produto porque descobriu que seria a "lasanha oficial da Seleção". Fiquei imaginando o Neymar saindo do estádio depois de uma partida da Copa, morrendo de fome, pedindo para o motorista do ônibus passar pelo hipermercado oficial da Seleção para comprar uma lasanha congelada. Non sense total.

É diferente dos produtos esportivos. Marcas como Nike, Adidas e Puma, entre outras, têm grandes benefícios ao demonstrar que atletas de alta performance usam suas criações. Além de lucrar com a venda de equipamento oficial, elas usam essas vitrines vivas para expor materiais e tecidos que estarão disponíveis em outros formatos também. Mas o que dizer do yakissoba congelado oficial da Seleção?

É claro que toda marca se interessa por tirar uma casquinha de um evento como esse. Mas deveria ao menos tentar fazer isso sem afrontar a inteligência do consumidor.

Mudando de assunto...

Em 1979, a montadora americana Chrysler andava muito mal das pernas, a ponto de pedir ajuda ao governo local. Seu presidente à época, o lendário Lee Iacocca, convenceu as autoridades de que o fechamento da companhia resultaria em enorme perda de empregos e problemas sociais. Conseguiu o que queria – o governo deu garantias a empréstimos bancários feitos pela companhia.

Para marcar a virada na história da empresa, Iacocca foi a público como garoto-propaganda da empresa várias vezes nos anos 80. "Se encontrar carro melhor, pode comprar" era o seu mote. O executivo deixou a empresa e aposentou-se em 1992, mas voltou às telinhas em 2005 para anunciar uma promoção em que a empresa venderia veículos ao público pelo mesmo preço pago pelos seus próprios funcionários.

Em 2001, a indústria estava crescendo, mas a Ford do Brasil passava por um mau momento. A produção, que havia chegado a 168 mil unidades em 1997, fechou em 79,2 mil. A empresa tirou da cartola uma cartada a la Iacocca: colocou o presidente, o paranaense Antônio Maciel Neto, para fazer propaganda. Maciel prometia dar R$ 100 para quem fizesse um test drive com um carro da marca e optasse pela concorrência. Em 2002, a Ford vendeu 122.956 carros – um crescimento de 55%, bombado pelo lançamento de novos modelos.

Em 2014, as montadoras brasileiras estão pedindo socorro do governo. Muitas empresas estão dando férias coletivas e suspendendo contratos de trabalho. O colombiano Santiago Chamorro, desde agosto do ano passado presidente da GM no Brasil, aparece na tevê oferecendo aos compradores brasileiros carros novos pelo mesmo preço pago pelos empregados da companhia. Será que a história sempre se repete?

E você?

Anda comprando produtos oficiais da Copa? Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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