• Carregando...

Amanhã teremos o veredicto do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre o futuro das taxas de juros do Brasil. A maioria das opiniões aponta para uma redução de 1 ponto porcentual, o que deixaria a taxa básica, a Selic, em 10,25%.

Há quem defenda reduções até mais intensas. Elas se justificam com base nos prognósticos sobre o crescimento econômico brasileiro. As apostas do mercado estão cada vez mais pessimistas, e agora vêm influenciadas pelo Fundo Monetário Internacional, que na semana passada assinalou que prevê uma retração de 1,3% no PIB do país (o dado está no relatório Perspectiva Econômica Mundial, de periodicidade anual). O remédio mais universalmente aceito para pôr um gás na economia é a redução nas taxas de juros.

Funciona assim: com juros menores, empresas e pessoas físicas têm pouco ou nenhum estímulo para manter seu dinheiro no banco, rendendo juros. Então passam a investi-lo em outra coisa. As indústrias compram máquinas, ampliam o parque. Os bancos ficam mais dispostos a emprestar dinheiro. O comércio anuncia. O consumidor vai às Casas Bahia e passa o cartão.

Claro, isso é só um resumo e as coisas não são tão simples assim. Há outras variáveis em jogo, e por isso há quem acredite em um corte menor. O professor Samir Bazzi, do FAE Centro Universitário, acha que a redução não deve passar de 0,5 ponto. "Se liberar muito, as importações vão aumentar, e isso é um risco para o país", observa.

Por essas e outras as decisões do Copom em situações de crise são tão difíceis de prever quanto o resultado de um clássico no futebol. Aqui na redação o jornal costuma fazer um bolão para ver quem acerta a taxa. Semana que vem eu conto quem ganhou.

Poupança, de novo

O leitor Fernando Moreira da Rocha, aposentado, enviou e-mail comentando a coluna da semana passada, que tratou dos planos do governo federal de alterar as regras para remuneração das cadernetas de poupança. Sua opinião reflete a de um grande grupo de investidores – quem tem conta-poupança é investidor, sim –, que aplica fielmente suas economias na caderneta. "Exigimos mais respeito, pois quando passamos (nós, poupadores) longo período com taxas negativas em relação a outros investimentos não se falava em tomar dos bancos para nos favorecer. Agora que se descortina uma pequena possibilidade de empatar com os milionários fundos, aparece a ideia de que devemos pagar a conta e que somos os vilões da história. Levamos 50 anos construindo um pequeno pé-de-meia, que já levou bordoada de tudo que é jeito, inclusive do nefasto plano Collor. A se confirmar essa afronta, tirarei meus trocadinhos do sistema financeiro e voltarei para o sistema interno do colchão. Escreva o que estamos dizendo: a maioria dos poupadores sacará seus recursos e os colocará debaixo do colchão."

Em outros países, a crise do crédito foi um desastre para o sistema financeiro, quebrou bancos e gerou uma desconfiança maciça em relação aos bancos. Mas nem mesmo isso fez com que houvesse uma onda de saques. Mas aqui, veja só em que enrascada o governo se meteu: para proteger seus instrumentos de política monetária (os juros básicos, aqueles que o Copom deve reduzir amanhã) está colocando em xeque a confiabilidade da mais popular das formas de aplicação financeira.

Obama

O Brasil não está sozinho no debate sobre o mercado de cartões de crédito – tema que foi tratado na coluna há três semanas, depois da divulgação de um estudo do Banco Central que pode se tornar base para uma nova regulamentação do setor. Na semana passada, o presidente americano, Barack Obama, disse que é preciso eliminar os "abusos e problemas" nas relações entre as administradoras de cartões e o consumidor.

Pois é, Obama. Bem-vindo ao clube.

Participe

O que você acha das taxas de juros? E dessa conversa de alterar a poupança? E dos cartões de crédito? Mande sua opinião para o e-mail iacomini@gazetadopovo.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]