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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o famoso Copom) já fez três reuniões este ano – a próxima, só na segunda semana de junho. Em cada uma delas a taxa básica de juros subiu um pouquinho. Fechamos 2010 com uma Selic de 10,75% ao ano e já estamos a 12% ao ano. A opinião geral entre os economistas é de que estamos no meio da escada e que deve haver mais três ou quatro elevações antes de podermos pensar num alívio.

Nunca é demais lembrar por que isso está acontecendo: a inflação brasileira levantou voo e as taxas de juros são o meio mais confiável que o Banco Central tem para abatê-la. É verdade que, com isso, vai derrubar também uma boa parcela do crescimento econômico previsto para o país – mas essa discussão, ao que parece, está perdida. A alta dos juros é uma realidade com que os brasileiros terão de conviver, queiram ou não. Se serve de consolo, mesmo com esse movimento para cima a trajetória dos últimos anos demonstra uma queda consistente da taxa. Basta lembrar que em 5 de março de 1999 (12 anos atrás, portanto) o mesmo Copom chegou a fixar a meta da Selic em 45% ao ano.

Olhando para esses movimentos recentes, muita gente tem ficado em dúvida sobre o que fazer com seu dinheiro. Uma questão interessante veio do leitor Aldair, que pergunta quais títulos do Tesouro Direto são mais atraentes nesse cenário. Pré ou pós-fixado? Selic, IGP-M ou IPCA?

Relembrando: o Tesouro Direto é uma forma de acesso sem intermediários aos títulos do governo federal. São os mesmos papéis que compõem a maior parte dos fundos de renda fixa oferecidos pelos bancos. A diferença é que o banco cobra uma taxa de administração para comprar e vender esses papéis, ao passo que no Tesouro Direto o cliente é responsável por todas as operações. Deixa de pagar a tal taxa, o que certamente vai resultar em um ganho líquido maior. Mas precisa tomar suas próprias decisões, sem ter uma equipe de economistas trabalhando às suas ordens. Ces't la vie, como diriam os franceses. A responsabilidade é sua.

Ontem, por exemplo, o site do Tesouro Direto trazia cinco títulos, com vencimentos em 14 datas diferentes, de janeiro do ano que vem até maio de 2045. Para onde olhar?

Sendo bem direto, o momento agora é de pensar apenas em papéis pós-fixados, o que exclui, de cara, as LTN e NTN-F. Isso porque um título pré-fixado garante que você vai receber, até o vencimento, uma taxa estabelecida no momento da compra. E não há vantagem nenhuma nisso quando você sabe que os juros vão subir. "É preciso estar de olho na perspectiva macroeconômica para o país", ensina Mário Almeida, consultor financeiro e sócio da Axiom Investimentos. Para ele, pelo menos até setembro o cenário é de juros em alta. "É possível que a Selic só venha a cair mesmo no ano que vem, porque existem ainda preocupações no ambiente internacional, como o crescimento econômico dos Estados Unidos e a questão da dívida dos países europeus", diz.

Restam, então, as NTN-B, atreladas à variação do IPCA; e as LFT, que pagam a Selic. "Se eu fosse escolher, preferiria agora qualquer papel corrigido pela inflação, porque ele paga o índice e mais uma taxa de juros", diz Almeida. A NTN-B com vencimento em 15 de maio de 2017 ofertada ontem no site, por exemplo, vai pagar a inflação do período mais juros de 6,37% ao ano.

Antes de bater o martelo, entretanto, é preciso pensar no prazo do título. O Tesouro Direto permite que você venda títulos antes do vencimento, num mercado secundário, mas nesse caso o mais provável é que você acabe perdendo dinheiro. Isso ocorre porque os preços nesse mercado são regulados pela boa e velha lei da oferta e da procura. Para obter a taxa que aparece no site do Tesouro, só carregando o título até o vencimento. "Isso é bem pessoal, depende do objetivo que a pessoa tem para o seu investimento", observa Almeida. Você tem 30 anos e está poupando para a aposentadoria? Papéis para 2035 podem ser bons. Pretende fazer um MBA no exterior daqui a alguns anos? Há papéis com vencimento em 2015 e 2017. Vai trocar de carro no ano que vem? Escolha títulos curtos, compatíveis com seu objetivo.

Pra frente Brasil!

Os títulos atrelados à inflação e os pré-fixados têm uma vantagem adicional para os otimistas. Eles permitem garantir até o vencimento uma taxa de juros definida agora. Como sabemos, hoje os juros brasileiros estão entre os mais altos do mundo. Mas todos esperamos que isso mude logo e que o Brasil se transforme em uma economia "normal", com taxas semelhantes àquelas praticadas planeta afora – juros no­­mi­­nais abaixo de 5% ao ano, pelo menos. Nesse caso, terá grande vantagem no logo prazo quem garantiu os 12% ao ano da Selic atual.

Quem viver verá.

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