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Barracas ocupam praça em Washington: motivo para medidas protecionistas? | Karen Bleier /AFP
Barracas ocupam praça em Washington: motivo para medidas protecionistas?| Foto: Karen Bleier /AFP

Nos últimos dias, pontos nobres de diversas cidades americanas têm ficado mais parecidos com as universidades brasileiras em tempo de mobilização estudantil: com as praças cheias de barracas e repletas de jovens carregando faixas. É o movimento "Ocupem Wall Street", que se alastrou para Washing­­ton, Los Angeles e mais algumas dezenas de localidades. Não há porque imaginar que o fenômeno chegue até aqui (iríamos ocupar o quê? A Marechal Deodoro?), mas não será surpreendente se os desdobramentos dele acabarem batendo na porta dos brasileiros, influenciando negócios e ceifando alguns empregos.

É peculiar assistir a um movimento que hostiliza de tal forma Wall Street e o mundo das grandes finanças – afinal, esse é um dos orgulhos dos americanos em geral. A razão para tanto desgosto está nos eventos de alguns anos atrás, quando o governo americano injetou bilhões e bilhões de dólares em planos de resgate para bancos e corporações em dificuldades .

O cidadão americano esperava tirar o pé da lama. Não foi o que aconteceu, como pode-se constatar: o desemprego por lá anda na casa dos 9% da população ativa, algo que não se via há décadas. Além disso, as pessoas ficaram chocadas com o que tem sido considerado falta de tato por parte de banqueiros e empresários: a manutenção de bônus e prêmios para altos executivos num ambiente em que cortes de pessoal e prejuízos têm sido a regra. É essa conjunção de fatores que levou às manifestações. De certa forma, elas não são muito diferentes daquelas vistas na Espanha e na Grécia. "Aumenta a insatisfação e as pessoas vão às ruas. Tem sido assim ao longo da história do capitalismo", observa o economista Armando Dalla Costa, doutor em História Econômica pela Université de Paris III e professor da UFPR.

Ano que vem tem eleição nos EUA, e por isso espera-se uma reação que contemple algo do que exige a turma acampada nas praças. E é assim que o tema cruza as fronteiras. O professor Dalla Costa explica que a capacidade de reação de uma economia madura, como a americana, é baixa. "Instru­men­tos de política econômica, como os juros, demoram mais a surtir efeito do que fariam no Brasil, por exemplo", diz. Isso ocorre porque as demandas do consumidor de lá são menores do que as do brasileiro. Assim, ele tende a ser menos ávido a consumir quando um preço baixa ou a assumir um financiamento se os juros caírem.

Para apressar esse processo, os americanos (e também os europeus) podem se sentir tentados a ampliar o protecionismo, o que dificultaria mais um pouco a vida dos exportadores brasileiros, com possíveis reflexos até mesmo no emprego por aqui. "A ameaça é real, mas existe a Organização Mundial do Comércio (OMC), que impõe limites a essas práticas", opina Dalla Costa.

Nos últimos anos, o Brasil ga­­nhou da OMC o direito, inclusive, de impor barreiras ao comércio com os EUA em consequência de medidas protecionistas. Não as colocou em prática, guardando-as como trunfo para negociar. Quem sabe o que pode acontecer, agora que a questão envolve uma mobilização desse tamanho?

É hora de...

... trocar de tevê. Pelo menos é o que indicam os dados do IPCA de setembro, divulgados pelo IBGE na sexta-feira. Desde o início do ano, os preços do item "televisor" baixaram 17,9% em Curitiba. Nos últimos 12 meses, a queda atinge 30%. Sem grandes mudanças tecnológicas (como a onda 3D, que sacudiu o mercado no ano passado) nem eventos esportivos a incentivar a demanda, o mercado parece estar se acomodando.

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