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Sherek, Fiona e o Burro Falante estão rumando para o castelo de Tão, Tão Distante, em um dos filmes da série. O Burro vira-se para o casal e pergunta:

– Já estamos chegando?

– Não – responde Shrek.

Silêncio de quase dois segundos.

– E agora? Já estamos chegando? – ele repete. E segue assim até irritar o ogro (que, por ser um ogro, costuma se irritar muito fácil).

Todos riem bastante nessa cena. As crianças costumam se comportar assim nas viagens, perguntando a cada curva da estrada quanto tempo falta para chegar ao destino. Mas uma boa parte dos adultos costuma se comportar assim também diante dos investimentos. Somos todos impacientes, exatamente como o simpático personagem do cinema.

Paciência e capacidade de planejamento são indispensáveis quando se trata de investimento. E isso me chamou atenção quando recebi um e-mail do André, leitor da coluna. Ele conta que vai se casar e fala de sua estratégia para poupar dinheiro para a festa. Só o conheço pela mensagem que enviou, mas imagino que ele deve ser uma pessoa organizada, já que a data foi marcada com três anos de antecedência: abril de 2014.

A dúvida não deve ser só dele. Deve haver mais gente com planos para médio prazo. Podem ser planos de casamento, mas também para custear um mestrado, um MBA ou um curso de inglês. Também podem ser projetos de uma viagem para comemorar 20 anos de casamento ou alguma data semelhante. Pode ser que algum entusiasta do esporte queira garantir ingressos para partidas da Copa de 2014 – apesar de serem no Brasil, o que certamente reduzirá custos em relação a eventos anteriores, as entradas não vão custar barato.

André e a noiva começaram poupando entre R$ 250 e R$ 300 por mês, uma quantia que não chega a ser exorbitante. De R$ 500 a R$ 600 ao todo, portanto. Esse dinheiro está indo para a caderneta de poupança, e ele pergunta: "existe algum tipo de aplicação em que eu possa depositar mensalmente e que me renda mais que a poupança?"

Sempre existe, André. Você precisa ter duas coisas em mente. A primeira é que mais rendimento sempre significa mais risco. A segunda é que você tem um compromisso numa data fechada, e isso não combina com risco. Imagine se, na época em que você precisa resgatar o dinheiro para pagar o bufê ou as fotos da festa, o ativo em que você aplicou tem uma perda grave. Todo o seu planejamento vai por água abaixo. Sendo assim, o ideal é ficar com aplicações conservadoras. Mesmo que nos próximos três anos alguém venha te dizer que "as ações estão bombando" ou coisa parecida, resista. Ou, no mínimo, saiba onde está pisando.

Mas você não precisa ficar na velha caderneta, não. Há títulos do governo, vendidos pelo Tesouro Direto, que são uma boa opção. CDBs também, assim como fundos de renda fixa conservadores oferecidos pelos bancos. Em todos os casos, entretanto, o melhor é depositar os recursos na poupança, engordá-los por alguns meses e só então repassá-los para outras aplicações. Isso porque elas costumam ter valores mínimos de aplicação.

No caso dos CDBs – que são títulos de renda fixa privados, emitidos pelos bancos –, o mínimo varia de uma instituição para outra. Em geral é possível comprar CDBs com algo como R$ 3 mil. Bancos de primeira linha (um jargão do mercado, que se refere aos maiores bancos do país, privados e estatais) são os mais indicados, embora paguem juros um pouco mais baixos.

No Tesouro Direto, a aplicação mínima equivale a 20% do valor do título pretendido. Pelos números de ontem, seria possível comprar 20% de uma NTN-B Principal com vencimento em 2035 por algo como R$ 112. Mas o investidor deve buscar títulos com vencimento mais próximo do seu prazo – no caso de André, início de 2014. Então não é qualquer título que serve, e os valores podem variar. A única opção disponível ontem era de uma LTN (título pré-fixado) com vencimento para 1.º de janeiro de 2014, com taxa de 12,61% ao ano. Para aplicar é necessário ter conta em uma corretora. O site do Tesouro (www.tesourodireto.com.br) tem uma lista das corretoras e das taxas que elas cobram para operações com títulos.

Fundos DI são uma terceira opção. Eles dão menos trabalho, mas exigem o pagamento de uma taxa de administração, que "come" um pouco da rentabilidade. É preciso negociar com o banco e buscar a menor taxa possível. Que quase nunca será a primeira opção que o gerente vai apresentar.

Todas essas opções vão render mais do que a poupança. Entre si, elas serão mais ou menos equivalentes. Escolha aquela que for mais cômoda e que se encaixe melhor com as suas disponibilidades.

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