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Já faz algum tempo que a inflação brasileira está em um degrau mais alto do que a maioria dos economistas acredita que deveria. Até o ano passado havia alguma discussão sobre se isso era ou não saudável. Na campanha eleitoral essa conversa chegou ao seu auge, pontificando nos debates. Naquela época, a questão era se o aumento de preços estava ou não sob o controle do Banco Central. Nas urnas, venceu a tese de que o dragão estava na coleira.

A julgar pelos números mais recentes, entretanto, ele deve ter conseguido roer a corda. Os dados do IPCA-15, que saiu ontem, são preocupantes. Em apenas dois meses, a inflação atingiu 2,23% (em Curitiba, 1,8%). O palpite do mercado, consolidado pela pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central, mostra que bancos, corretoras, consultorias e universidades hoje trabalham com uma inflação da ordem de 7,33% neste ano. Bastante acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 6,5%. Fala-se do teto, porque nem se cogita mais se aproximar da meta propriamente dita, que é de 4,5%.

Em Curitiba, subiram muito os legumes (25,69% em dois meses) e hortaliças (14,75%, com destaque para a alta de 17,12% do alface). Mas esses são produtos de baixo valor, cujo peso no índice final é pequeno. Isso ocorre porque são produtos menos importantes nos gastos gerais da casa. Aumentos mais modestos podem resultar em impactos maiores sobre a inflação.

Quer um exemplo? Não é raro que famílias de classe média paguem contas de luz de R$ 150. Mas quem gasta isso no mês com alface? Então resista quando alguém colocar na cenoura ou na cebola a culpa pela inflação alta. Há outros preços com que você deve se preocupar.

No ranking dessas preocupações devem vir itens como energia residencial, que subiu 8,51% até 15 de fevereiro, de acordo com o levantamento do IPCA-15; e ônibus urbano, que, para o IBGE, subiu 3,01%. É bom lembrar que o IBGE tem uma metodologia de cálculo que envolve o preço em si e as quantidades consumidas, conforme o orçamento das famílias com renda de até 40 salários mínimos; por isso os números não são exatamente os mesmos que a gente sente no bolso.

O fato é que, mais do que qualquer tomate, são os preços supervisionados pelos governos que mais têm influenciado nos índices de inflação neste início de ano. Isso preocupa.

Se estivesse encerrada a temporada de aumentos de preços, poderíamos ficar tranquilos. Mas há mais tensão por vir. Uma parte do nervosismo em torno do preço das passagens de ônibus, por exemplo, vem do fato de que a negociação salarial de motoristas e cobradores ainda não está encerrada.

Ou seja: ainda há risco de os custos subirem mais, prejudicando o difícil equilíbrio da tarifa.

O momento é de se proteger da inflação. Não há como fugir dos aumentos dos preços controlados ou das elevações de impostos, mas é possível comprar de forma mais inteligente nas outras áreas. E vale a pena buscar opções de investimento que protejam contra a inflação e garantam ganhos de longo prazo.

Para o leitor que não pretende sacar o dinheiro tão cedo, vale a pena comprar títulos do Tesouro Direto. As NTN-B Principal (que mudam de nome no mês que vem para Tesouro IPCA +) garantem a variação da inflação mais juros. Papéis com vencimento em maio de 2019 garantiam ontem juros reais de 6,26% (ou seja, IPCA mais 6,26%). Nada mau.

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