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2014 está se desenhando um ano tenso, tempo de transição em várias áreas da sociedade brasileira. Ano de eleição, tempo de acirramento de ânimos na política e nas manifestações de rua, tempo em que não se sabe quem é quem. Sininho, por exemplo, é fada ou terrorista? E jornalista, está aí para informar ou para enganar? (Não posso deixar de opinar nesse último item, de forma curta e simples: sem imprensa ou jornalistas, a opinião pública estará entregue – aí, sim – à manipulação óbvia por parte das partes interessadas, sejam partidos, empresas, pessoas ou o que mais aparecer; liberdade de expressão só é possível com imprensa livre).

Essas polarizações chegam à economia, em especial com as diversas visões sobre o crescimento. Um dos centros de atenção está na política de transferência de renda – Bolsa Família e outros semelhantes. Há uma corrente que atribui o baixo crescimento econômico dos últimos três anos a uma ênfase governamental em políticas assistencialistas, que teria sido responsável por uma redução no nível de investimento do governo. Outros creem que as transferências de renda foram o fator essencial que manteve em alta o consumo das famílias, componente mais ou menos estável do Produto Interno Bruto (PIB).

O boletim Análise Mensal, da UFPR, editado pelos professores João Basílio Pereima Neto, Fernando Motta Correia e Alexandre Alves Porsse, trouxe uma boa discussão sobre o assunto nas suas edições de dezembro e janeiro (veja em www.economiaetecnologia.ufpr.br/analise.html). Os autores não ficam em cima do muro: assumem que as políticas distributivas não inibem o crescimento, mas observam que o país passa por uma época de transição, em que sua eficiência está em rápida queda. Para eles, os próximos cinco a dez anos exigirão mudanças, em especial um diálogo entre as políticas sociais (como o Bolsa Família) e políticas industriais. Algumas observações baseadas nos artigos:

• A migração da mão de obra da indústria à moda antiga para segmentos que exigem mais cérebro do que músculos é o que permitirá a continuidade do crescimento com redução da desigualdade. Isso só será possível com a participação do Estado na formulação de políticas públicas;

• Atraso educacional, descasamento na oferta e demanda de mão de obra, grandes diferenças salariais numa mesma empresa e deficiências no sistema tributário ajudam a fazer com que a renda já nasça concentrada dentro do processo produtivo;

• A baixa qualidade da educação básica e fundamental pública, na comparação com a rede privada, contribui para o aumento da desigualdade;

• É preciso fazer um ajuste fiscal que permita à União, estados e municípios investir mais. Fazer isso cortando gastos sociais, entretanto, equivale a dar um tiro no pé.

Mudando de assunto…

Em meio à onda de calor subsaariano que Curitiba vinha enfrentando – e que, ao que parece, terminou no fim de semana –, começaram a aparecer anúncios classificados destacando que o imóvel tem ar condicionado. Até há pouco, eles raramente apareciam nos quadradinhos, até porque pouco agregavam aos preços.

Com o calorão, viraram argumento de venda. Como se vê, capacidade de adaptação (ao clima, inclusive) é a chave para a sobrevivência nos negócios.

Fundos Imobiliários

A leitora Márcia escreve para comentar a coluna da semana passada, sobre fundos imobiliários (FIIs). "Estou vendo uma curva decrescente assustadora no preço das cotas", constata ela. "Porém o aluguel continua sendo atrativo. Estou muito na dúvida se vendo minhas cotas a um preço muito abaixo do que paguei e realizo um prejuízo, voltando a aplicar na renda fixa, ou aguardo elas subirem."

A questão do "seguro-ou-vendo" é bem particular. Vai depender da necessidade pessoal da investidora (e de qualquer outra pessoa que esteja em situação semelhante). Ninguém quer ter prejuízo, portanto o ideal seria manter as cotas. Se precisar muito de dinheiro e não tiver outra forma de obtê-lo, então a saída pode ser resgatar. Mas vale observar que o ideal para quem entra em FIIs é buscar o rendimento de aluguel e esquecer do principal. O valor das cotas vai estar sempre sujeito a variações bruscas no mercado e, além disso, um eventual ganho de capital é sujeito à tributação de Imposto de Renda, com alíquota de 20%. Já o rendimento distribuído (o aluguel) é isento de IR.

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