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Um lustro é um período de cinco anos, metade de uma década. A expressão anda meio em desuso, mas é antiga: originalmente, o lustro era o período entre os censos do Império Romano, que ocorriam a cada cinco anos, desde o século 6 antes de Cristo. O objetivo dos censos era, principalmente, econômico e militar: a ideia era medir a fortuna dos cidadãos para avaliar quanto seria possível levantar em impostos, e também conhecer o efetivo potencial para o exército.

Pensei em relembrar o conceito antigo de lustro ao dar uma olhada em dados históricos de crescimento econômico no Brasil. Como você pode ver no gráfico abaixo (que abrange desde 1962), tivemos períodos razoavelmente longos de crescimento sem grandes percalços – as décadas de 60 e 70 foram admiráveis – e também a nossa “década perdida”. Entre 1981 e 1990, o país cresceu apenas 17% e teve quatro recessões anuais, em 1981, 1983, 1988 e 1990. A década seguinte também foi medíocre, mas, ainda assim, registrou elevação de 31,76%.

Já a primeira década deste século foi bastante promissora. Não chegou aos níveis de “milagre” do início dos anos 1970 – e nem poderia, porque os tempos são outros tanto no front interno quanto no ambiente internacional de negócios –, mas não chega a fazer feio. Entre 2001 e 2010, acumulamos mais de 43% de alta, mesmo com a crise das hipotecas americanas no caminho.

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Não dá para falar do desempenho da década de 2010 porque estamos bem no meinho dela. Mas o seu primeiro lustro, francamente, está longe de ser brilhante. De 2011 a 2014, crescemos 9,6%. Caso se realize a previsão atual que o Banco Central coletou de bancos, corretoras e instituições de pesquisa no levantamento Focus desta semana, 2015 deve fechar com uma contração de 2,8% (a mais intensa desde 1990). Nesse caso, fecharíamos o lustro 2011-2015 com 5,77% de crescimento, o pior da série histórica disponível no site do Banco Central, iniciada em 1962.

As perspectivas para o futuro também não são brilhantes. O último Focus mostra que a expectativa do mercado para 2016 é de -1%.

Números são apenas números. No passado, a economia brasileira demonstrou um poder surpreendente de reação, a ponto de inspirar mudanças na forma de coleta de dados econômicos. As instituições vêm se esforçando muito para que seus dados reflitam o real vigor do país. Mas, de fato, o que se vê por aí não é nada animador. Do emprego às vendas de imóveis, diversos indicadores reforçam a sensação de que vamos mal.

Não é época de correr riscos. Em épocas de vacas magras, é importante ter controle de seus gastos para não desperdiçar recursos que podem fazer falta mais tarde. Também é essencial manter uma reserva para emergências em uma aplicação de boa liquidez – fundos de renda fixa costumam ser confiáveis para essa finalidade.

Quanto deixar nessa reserva? Costuma-se prescrever algo entre quatro e seis vezes o valor das despesas mensais da família. Mas preste atenção: é o valor das despesas mensais, não o valor do salário. Isso porque o salário costuma cobrir os gastos essenciais, não essenciais e também os supérfluos da casa. E a primeira coisa a fazer em caso de emergência financeira é cortar os supérfluos.

Quatro a seis meses é suficiente para encontrar recolocação? Isso vai depender da sua atividade e perfil profissional. Profissionais de nível de direção podem, muitas vezes, atravessar longos processos de entrevista antes de serem contratados. Esses precisarão ter reservas de prazo mais longo.

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