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Além de aliviar a caixa do Tesouro Nacional, o corte, de um ponto porcentual ou mais nas taxas básicas de juros, esperado por todos como resultado da reunião do Comitê de Política Monetária esta semana, deve contribuir para uma redução do custo de capital na economia brasileira. Os bancos, ainda arredios na hora de emprestar, serão forçados a procurar clientes.

Os títulos públicos têm sido um bom refúgio para as instituições financeiras, que, com o agravamento da crise lá fora, passaram a ficar também com medo de emprestar por aqui. As operações de financiamento de médio prazo foram muito sacrificadas porque ninguém no momento consegue vislumbrar, mesmo com boa margem de segurança, o que ocorrerá na economia mundial.

Os bancos têm a opção de não emprestar enquanto as taxas básicas de juros (que servem de referência para a remuneração dos títulos públicos) estiverem no Brasil largamente distanciadas do que se observa nos demais países. No entanto, a partir desse provável novo corte a expectativa do mercado é de que tal quadro comece a mudar, mas não a ponto de evitar o baixo crescimento da economia em 2009.

Por causa dos recentes indicadores econômicos, que mostram uma reação pálida da indústria, as apostas em um outro corte dos juros básicos na reunião do Copom em abril se multiplicaram. As taxas cairiam então para a faixa de 10% a 10,75%, o patamar mais baixo desde o lançamento do real. O Banco Central não ousaria mais sem antes testar muito bem o comportamento da economia brasileira diante de juros nunca antes vistos.

Cartões de crédito

Como gatos escaldados, as autoridades econômicas americanas se anteciparam à abertura de uma nova frente de perturbação no sistema financeiro nos Estados Unidos, provocada pelo endividamento elevado nos cartões de crédito. Trata-se da forma mais habitual de crédito ao consumidor americano, que estava acostumado a rolar essas dívidas. Em uma conjuntura normal, os atrasos nos pagamentos das faturas não chegam a ser expressivos, mas o aumento do desemprego poderia levar um número crescente de pessoas a ficar inadimplente. Se isso acontecesse, os bancos já abalados pelas perdas em suas carteiras de crédito hipotecário seriam empurrados de vez para o precipício. E a esses se juntariam instituições que não chegaram a ser seriamente atingidas pelo desastre do mercado imobiliário.

Então, antes que o problema aparecesse no horizonte, o governo Obama decidiu se antecipar criando condições, com recursos da ordem de US$ 200 bilhões, para que consumidores em risco de atraso de pagamento possam renegociar suas dívidas contraídas com o uso de cartões de crédito. Assim os bancos americanos podem suspirar aliviados momentaneamente ao não se verem diante de mais uma frente de deterioração dos seus negócios.

Mesmo alívio provavelmente não terão os bancos europeus que nos últimos tempos vinham financiando economias do Leste da Europa. Se há alguma parte do planeta onde países estejam sob alto risco de quebrar essa área é a que engloba antigas repúblicas socialistas do Leste e da Europa Central. Não fosse o guarda-chuva da União Europeia, vários já teriam ido para o buraco.

Os preços dos imóveis nos Estados Unidos continuam sendo o mais importante termômetro da crise. A julgar pelo que aconteceu na economia japonesa na longa recessão e estagnação dos anos 90, a recuperação no mercado americano só ficará clara quando lá os imóveis deixarem de se desvalorizar.

Aeroportos

A ideia de vender parte da Infraero para capitais privados não agrada a potenciais candidatos a assumir a administração de aeroportos brasileiros.

No âmbito da Abdib, associação que congrega empresas voltadas para o setor de infraestrutura, a avaliação feita é que, nem mesmo a concessão isolada de alguns aeroportos (Galeão e Viracopos, por exemplo) faria sentido se não fosse acompanhada de uma grande mudança no modelo de gerência do setor aeroportuário do país. Os empresários identificam como financeiramente autossustentáveis de 12 a 18 aeroportos brasileiros, a maioria situados nas regiões Sul e Sudeste (além desses, são apontados os de Brasília, Salvador e Manaus). Os demais teriam que continuar sob a égide da estatal Infraero.

Pelo modelo atual, os aeroportos rentáveis subsidiam indiretamente os de menos movimento, o que não seria alterado se investidores privados se tornassem concessionários apenas dos rentáveis, pois a Infraero cobraria deles uma outorga equivalente à sua receita atual.

Em contrapartida, a administração dos grandes aeroportos passaria a ser mais dinâmica e em condições de acelerar investimentos necessários a prepará-los para atender ao crescimento do movimento (com picos esperados para a Copa do Mundo de 2014 e para a possibilidade, não descartada, de realização de Jogos Olímpicos no Rio em 2016 ou 2020).

Qualquer que venha a ser a mudança no modelo de gestão, o fato incontestável é que os aeroportos brasileiros precisam se aprimorar muito para atingir o grau de conforto, segurança e avanço que se observa em grandes centros dos Estados Unidos, da Europa ou da Ásia.

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