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O governo vai acabar baixando a bola nessa discussão sobre mudanças na lei para extração futura do petróleo que pode existir na chamada camada do pré-sal, ao longo da costa brasileira. Fazendo as contas no lápis, fica claro que, para o Tesouro sair ganhando, bastaria ajustar as regras atuais à nova realidade. A indústria já admite, por exemplo, pagar mais participações especiais.

Tais participações incidem apenas sobre campos de elevadas produção — e no caso do Brasil apenas 14, quase todos na Bacia de Campos, estão sujeitos a esses pagamentos, e só a Petrobras os recolhe. Os demais produtores pagam royalties.

Com os testes de longa duração que a Petrobras fará no campo de Tupi, na bacia de Santos, será possível aferir o ritmo de produção no pré-sal. E a partir daí, apenas um decreto do Presidente do República seria suficiente para ajustar a cobrança de participações especiais sobre campos que venham a ser descobertos.

A professora Eliane Cardoso suspeita que a acumulação de reservas pelo Banco Central foi o que pôs lenha na fogueira da inflação. Mais do que os próprios gastos públicos, pois o déficit nominal do setor tem diminuído em números absolutos e relativos (este ano, por exemplo, até julho o déficit foi irrisório). A professora, em artigo no jornal "Valor Econômico", observa que os reais emitidos pelo BC para a compra da moeda estrangeira que compõe as reservas cambiais não são esterilizados completamente (ou seja, retirados de circulação em troca de títulos do Tesouro).

Ela tem razão. Na prática já se comprovou que, pelas características da nossa dívida pública interna (extremamente líquida, com pelo menos um terço dos papéis vencendo com menos de um ano de prazo), esse endividamento funciona como quase moeda. Causa menos estragos do que se esse volume de reais fosse mantido em circulação, mas, sem dúvida, tem algum impacto monetário indesejável.

Por tal motivo é que as autoridades precisam ser "parcimoniosas" quando decidem elevar os juros básicos, já que o efeito colateral acaba anulando uma parcela do objetivo principal, à medida que a alta das taxas faz com que a dívida interna cresça aceleradamente, em percentuais que superam a inflação e a expansão real da economia.

Eis aí uma boa discussão.

Expansão

A Volkswagen Caminhões, com fábrica em Resende (RJ), cresceu 20% em média nos últimos cinco anos. Os estudos da companhia prevêem a manutenção dessa taxa de crescimento ao longo da próxima década, seja pela expansão vegetativa do mercado brasileiro, seja pela necessidade de renovação da frota de ônibus e caminhões do país. Com isso, a fábrica dobrará sua produção, alcançando inicialmente um patamar de 125 mil veículos por ano em 2012 e logo a seguir de 150 mil unidades.

Com isso, a companhia se situará entre os dez maiores fabricantes de caminhões e entre os cinco primeiros de ônibus no mundo.

Foram investidos lá R$ 2 bilhões até hoje. E será investido mais R$ 1 bilhão até 2012, tudo com recursos gerados pelo próprio grupo em seus negócios no Brasil.

Revitalização

O ritmo acelerado do mercado imobiliário, junto com investimentos importantes nos sistemas de transporte, se tornou a grande esperança de revitalização de áreas que se degradaram nas metrópoles. No Rio, por exemplo, há bons planos para a região de Madureira, que já foi um subúrbio tradicional da cidade. O governo estadual negocia com a Light e a prefeitura, com apoio de investidores privados, um remanejamento de linhas de transmissão de energia elétrica para permitir que uma nova grande avenida por ser aberta. Seria continuação da Via Light, que hoje liga Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ao bairro da Pavuna.

Além de se tornar uma alternativa à Avenida Brasil (que poderá entrar assim também em processo de recuperação urbana), a continuação da Via Light viabilizará a construção de novos prédios residenciais na região. Está previsto inclusive o remanejamento de moradores de favelas e ocupações irregulares na região, para edifícios de moradia popular que os empreendedores se dispõem a construir como contrapartida pela abertura da Via.

Será uma das primeiras iniciativas do mercado privado voltadas para as classe C- e D no Rio.

Outros grupos têm como estratégia o lançamento de grandes empreendimentos em áreas periféricas. É o caso da Bairro Novo (associação entre a Gafisa e a Odebrecht), cujos projetos envolverão 26 mil apartamentos e casas até o fim do ano. Os dois primeiros empreendimentos foram lançados nos municípios de Cotia (São Paulo) e Camaçari (Bahia), com cada unidade habitacional custando de R$ 60 mil a R$ 90 mil.

Os próximos serão em Campinas (SP) e Salvador (BA). Para que o comprador não acumule o pagamento de aluguel com a poupança prévia (10% do valor do imóvel) na fase de construção,o prazo de entrega é muito curto. A cada 12 dias, um conjunto de seis casas geminadas fica pronto, pois as paredes e as lajes de cobertura são feitas em formas de alumínio, que podem ser reutilizadas 1.500 vezes. O telhado já chega semipronto.

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