• Carregando...

A recuperação de vendas agora, no segundo trimestre, já estava meio no roteiro, pois é o período do ano em que as famílias começam a respirar mais aliviadas, depois de comprometerem suas finanças com uma série de pagamentos (matrículas escolares, IPTU, IPVA, gastos nas férias, etc.). A boa novidade veio do fluxo de moeda estrangeira, que até já valorizou o real.

Quando há uma crise no horizonte, principalmente de origem externa, os brasileiros olham logo para o câmbio. É natural que assim seja, pois historicamente esse foi o calcanhar de Aquiles da economia do país. Em 2002, à época das eleições presidenciais, quando ainda existiam muitas dúvidas a respeito do futuro governo Lula, o fluxo de capitais estancou e as cotações do dólar dispararam, passando de R$ 4 (o que causou uma forte pressão sobre a inflação).

O agravamento da crise financeira internacional também fez com que a cotação do dólar saltasse de R$ 1,60 para quase R$ 2,40 no fim do ano passado, mas aos poucos o câmbio se estabilizou em uma faixa de R$ 2,20 a R$ 2,30. Empresas que tinham contratos de proteção nos mercados futuros (que, na verdade, se mostraram tremendamente especulativos) quase foram a nocaute devido às enormes perdas financeiras que sofreram.

No entanto, o impacto negativo da flutuação do câmbio acabou se concentrando nesses prejuízos financeiros, nada desprezíveis. A desvalorização do real contrabalançou a queda de preços em dólar de produtos exportados e importados pelo Brasil e em vários casos houve até ganhos (soja, por exemplo).

O Banco Central precisou intervir nos mercados para acalmar os ânimos. Vendeu dólares à vista, liberou linhas de financiamento para bancos e empresas com compromissos no exterior, e ofereceu grande quantidade de divisas para entrega futura. As reservas cambiais brasileiras, de mais de US$ 200 bilhões, serviram como retaguarda para essas operações, que neutralizaram movimentos especulativos alimentados pelo temor de uma fuga de capitais semelhante às ocorridas no passado.

Superado o pior momento, a pressão sobre o câmbio está se invertendo. Há uma ligeira tendência de valorização do real à medida que aumentam as posições compradas nos mercados futuros. As apostas na valorização da moeda brasileira se baseiam em uma situação concreta: a entrada de moeda estrangeira no país vem superando a saída porque o Brasil está exportando bem mais do que importando. Além disso, companhias brasileiras que investiram no exterior andaram repatriando capital, enquanto as estrangeiras aqui instaladas já haviam remetido tudo que podiam para seus acionistas.

Apesar dos prognósticos conflitantes sobre a economia brasileira, a avaliação que está se tornando dominante no exterior — como se observa em artigos de conceituadas publicações — é que o Brasil realmente será um dos menos arranhados pela crise atual.

Nesse contexto, a preocupação com o câmbio está ressurgindo, só que no sentido contrário. Uma valorização do real, nos moldes da que registrada antes do agravamento da crise, não seria bem-vinda. A recuperação da economia brasileira pode ser atribuída em grande parte ao impulso exportador a partir de 1999. As exportações triplicaram desde então, viabilizando muitos investimentos.

A partir de 2007, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se calcou na demanda doméstica, mas o comércio exterior continuou sendo uma alavanca.

O câmbio valorizado costuma funcionar como amortecedor da inflação doméstica. Porém, os índices de preços estão comportados, e o melhor seria que o dólar permanecesse acima de R$ 2 até as nuvens cinzentas se dissiparem no horizonte da economia mundial.

Esse quadro reforça a necessidade de as taxas de juros básicas continuarem em queda. A diferença de taxas entre o Brasil e os principais centros financeiros se alargou enormemente, criando uma avenida para capitais nômades ávidos para ir à forra das perdas sofridas ao redor do planeta (aqui, inclusive). As operações de arbitragem com taxas de juros serão retomadas logo que ficar mais evidente que o estresse nos mercados financeiros está passando e o risco de desvalorização do real deixar de ser relevante.

Com o corte dos juros, a economia brasileira terá a oportunidade de dar um salto de qualidade que a tornará menos vulnerável aos estragos causados por esses capitais nômades, evitando, por exemplo, flutuações indesejáveis no câmbio.

Energia nuclear

A troca dos geradores de vapor da usina nuclear Angra 1 está praticamente concluída. Faltam apenas 3% dos trabalhos. Tanto a contenção de aço como a parede externa de concreto (abertas para passagem dos antigos e novos geradores), que são componentes de segurança da usina, foram recompostas.

Como parte dos equipamentos trocados foi exposto anteriormente à radiação, as pessoas envolvidas nesse processo foram monitoradas e o resultado é que a dosagem a que estiveram submetidos ficou abaixo do era previsto.

Agora começará a fase de testes dos novos equipamentos. Tudo indica que Angra 1 voltará a gerar energia 14 dias antes da data prevista no cronograma original.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]