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Alguns especialistas acham que o boom imobiliário nas cidades brasileiras ainda nem começou. Realmente, só agora em 2008 é que o número de imóveis financiados com recursos do FGTS e das cadernetas de poupança voltará ao patamar de 600 mil, o mesmo que o país chegou a atingir no início da década de 80. Desde então o déficit habitacional do país ampliou-se para 7,9 milhões de moradias.

Até 2020, o Brasil teria de construir cerca de 20 milhões de casas e apartamentos para atender à futura demanda e ainda suprimir todo esse déficit habitacional, o que daria uma média anual da ordem de 1,7 milhão de unidades. Nesse caso, o ritmo atual de construção continuaria insuficiente para atender às necessidades de habitação do país.

Embora no primeiro semestre do ano o crédito imobiliário tenha crescido quase 90% em relação a 2007, esses financiamentos não chegam a representar 2% do Produto Interno Bruto, porcentual ínfimo se comparado aos de outras economias emergentes, como a chilena (16%) e a mexicana (9%).

Com o ritmo atual de crescimento do crédito imobiliário, os recursos das cadernetas de poupança podem se tornar insuficientes para financiar o mercado. A propósito, uma dica: os financiamentos para casa própria com recursos do FGTS estão sendo concedidos a taxas de juros anuais de 10,7%. Abaixo, portanto, da taxa Selic, que serve como juros básicos do sistema financeiro.

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A Quattor, conglomerado petroquímico controlado pelos grupos Unipar e Petrobras, na proporção de 60% e 40%, está na fase na recomprar ações de minoritários e estabelecer políticas de gestão que sejam comuns para as suas diferentes empresas.

O conglomerado reuniu dois pólos petroquímicos (o da Petroquímica União, em Mauá, região metropolitana de São Paulo, e o da Riopol, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense). O primeiro já era da Unipar, mas o segundo se originou de uma associação de três investidores — entre os quais a própria Unipar, com apoio do BNDES e da BNDESpar. A Petrobras acabou comprando a parte da Suzano Petroquímica e daí resultou a sociedade com a Unipar, batizada com o nome Quattor.

O Brasil tem agora dois fortes grupos petroquímicos — Braskem (Odebrecht associado também à Petrobras) e Quattor. Mas a Petrobras se tornará sozinha grande produtora de insumos básicos petroquímicos quando inaugurar sua refinaria no Comperj (Itaboraí) em 2012. Não está definido ainda quem entrará na segunda geração, para a fabricação de polietilenos, por exemplo, mas uma das possibilidades é que os insumos do Comperj possam ser em parte transportados por dutos para Duque de Caxias, até a Riopol, e lá transformados, aproveitando a ligação que será criada entre as refinaria de Itaboraí e a Reduc para entrega de óleo diesel.

A Riopol hoje produz polietilenos a partir do seu próprio eteno, usando gás natural como matéria-prima. Para crescer mais, a Riopol dependeria de uma duplicação de sua capacidade de produzir eteno, o que, por sua vez, está condicionado a um aumento significativo da oferta de gás a preços competitivos no Rio.

Tal oferta somente estará assegurada com o desenvolvimento de futuros campos de petróleo nas Bacias do Espírito Santo, Campos e Santos, o que pode levar muitos anos. Então a Riopol poderia começar sua expansão pela segunda geração (polietilenos) usando eteno oriundo do Comperj.

É um passo que os investidores só se arriscarão a dar se o Brasil conseguir conquistar novos mercados no exterior. Atualmente, o país exporta cerca de 25% de sua produção de produtos petroquímicos de segunda geração. Mesmo com a expansão prevista para o mercado doméstico, quando o Comperj entrar em operação a oferta total desses produtos deverá se expandir em mais de 1 milhão de toneladas, e o porcentual destinado à exportação teria de ser ampliado.

As exportações petroquímicas brasileiras se destinam fundamentalmente para a América do Sul. Entrar no mercado asiático é mais difícil, especialmente em função das indústrias que estão surgindo no Oriente Médio.

Assim, os investimentos que dependem da trajetória de exportações dependerá da negociação prévia de contratos de exportação de muito longo prazo.

Seja como for, essa consolidação de grupos petroquímicos no Brasil possibilitou a formação de empresas robustas, mais preparadas para brigar em um mercado internacional onde só tem cachorro grande.

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A confusão que a cúpula do governo resolveu promover em torno da melhor forma de se explorar o petróleo da chamada camada do pré-sal só serviu até agora para uma coisa: paralisar o andamento das concessões do pós-sal.

A Décima Rodada de Licitações não ocorrerá neste ano, e nem mesmo será concluída a Oitava, que tinha sido suspensa, em 2006, por uma disputa judicial.

Sem essas rodadas, os potenciais investidores deixam de ter um horizonte definido para seus negócios no Brasil. Assim, independentemente dessa discussão bizantina do que será feito com o pré-sal, precisam ser retomadas. Isso poderia acontecer de maneira rápida: basta a Agência Nacional do Petróleo (ANP) ser autorizada a concluir a Oitava Rodada.

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