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A partir desta semana o mercado internacional de commodities agrícolas passa a ser influenciado não mais, ou apenas, pela safra sul-americana. O gráfico das cotações, em especial da soja, a commodity com maior liquidez no mercado internacional, continua a ser impactado pela colheita que avança no Brasil, Argentina e Paraguai. Mas as atenções agora se dividem com um novo componente, que está na intenção de plantio da nova safra nos Estados Unidos, o maior produtor de soja e milho do mundo.

A primeira prévia dessa aposta será divulgada nesta semana na abertura do Agricultural Outook Forum 2015, o fórum mundial de agricultura em Washington D.C., nos Estados Unidos, que ocorre na quinta e sexta-feira. O evento antecipa tendências que serão apresentadas no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA (sigla em inglês), de 31 de março. O plantio, que começa em abril para o milho e maio para a soja, segue até julho.

O fato é que neste momento o mercado trabalha com uma área acima de 34 milhões de hectares de soja – no ano passado foram 34,03 milhões. Os mais otimistas, ou talvez pessimistas, a julgar a conjuntura mais que favorável dos estoques mundiais, acredita em 34,5 milhões de hectares. Se isso realmente acontecer, não resta outro alento ou esperança ao Brasil, o maior produtor da América do Sul, que não seja o câmbio. Em Chicago, desde o início do ano a soja vem beliscando os US$ 10/bushel. Embora boa parte do tempo tenha ficado mais próxima dos US$ 9,50 e em alguns momentos muito perto dos US$ 9.

Se essa primeira estimativa de área vier abaixo de 34 milhões, a soja pode sim encontrar espaço para voltar à casa dos US$ 10. Mas se o campo realmente corresponder à expectativa e hipóteses trabalhadas por traders e analistas, ficamos mais perto dos US$ 9/bushel. Claro que apenas a intenção de plantio não é um indicador suficiente para definir safra norte-americana. Mesmo ela concretizada, o clima é outro fator preponderante ao resultado final. E como as condições climáticas nos Estados Unidos são de grande volatilidade, além de acompanhar aposta no plantio, entre maio e setembro é preciso ficar de olho no clima por lá.

Pelo menos na Bolsa de Chicago, olhando os contratos de março a agosto – US$ 9,90 a US$ 9,99 – as cotações consideram que a extensão cultivada nos Estados Unidos não deve ultrapassar os 34 milhões de hectares. Mas que devem ficar no mesmo patamar de 2014, quando o país cultivou 33,9 milhões de hectares para uma produção de 108 milhões de toneladas de soja. De qualquer forma, muita atenção ao mercado nos próximos dias. Para quem tiver oportunidade, pode ser uma boa chance de fazer negócios com a soja a US$ 10 e, por que não, acima de US$ 10/bushel.

Sustentada no câmbio

Por aqui, o que tem dado sustentação ao preço da soja é o câmbio. Na relação direta com os contratos em Chicago a US$ 9,80/bushel e o dólar a R$ 2,80 no Brasil, nos portos de Paranaguá e Rio Grande (RS) a oleaginosa tem negócios a R$ 65/saca de 60 quilos. No preço pago ao produtor nas principais praças do estado, conforme levantamento do Departamento Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), média de R$ 57/saca. Diante da conjuntura e do preço pago em janeiro do ano passado, de R$ 61, a cotação atual no estado é para fazer negócio. O preço ao produtor pode recuperar o patamar de R$ 60? A chance é pequena, mas ela existe. Como também existe a possibilidade, esta mais forte, de ir a R$ 50.

Há um mês, no câmbio a R$ 2,60, a mesma saca de soja em Paranaguá valia em torno, ou até menos, de R$ 60. Quase 10% a menos que na semana passada. Por aí é possível ter noção de quanto o câmbio tem influenciado, nesse caso beneficiado, a soja nacional.

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