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Se considerarmos que 26% de todas as riquezas geradas no país têm origem nos inúmeros segmentos que compõem a cadeia produtiva do agronegócio, pode-se afirmar que pelo menos um em cada quatro reais que movimentam a economia brasileira tem um pé na roça. Ainda, que próximo de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) nacional tem relação direta ou indireta com a produção agrícola ou pecuária, do setor primário à agroindústria, da produção de soja à indústria de base florestal. Um conceito bastante amplo de PIB Agro, relativo e questionável, mas que traduz a realidade de uma economia em desenvolvimento, cada vez mais urbana e menos rural.

De qualquer forma, a base de toda essa riqueza continua sendo a produção agropecuária. Um ambiente ou uma etapa da cadeia que se reflete em todo o processo agroindustrial de transformação e agregação de valor. Toda e qualquer análise ou projeção do setor deve, portanto, considerar esse indicador, ou indicadores, de dentro da porteira. Entre os mais relevantes, e que espelha com maior intensidade o desempenho do agronegócio em sua plenitude, está o índice de geração de empregos, dado que se destacou no balanço do saldo de vagas criadas no primeiro semestre como um dos melhores índices em quase uma década.

Estudo organizado pela economista Tânia Moreira, da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), revela que as novas admissões na agropecuária estão atrás apenas do setor de serviços e da indústria de transformação. Mas quando olhamos as taxas de crescimento desses setores, na comparação com o ano passado, é possível perceber exatamente o inverso e com ampla dianteira. As duas áreas que lideram a abertura dos postos de trabalho em 2011 apresentam variação acumulada – em relação a igual período de 2010 – com saldo de 3,92% e 3,27%, respectivamente, contra 15,81% do terceiro.

Para constar, de janeiro a julho deste ano foram computadas 1,4 milhão de vagas, sendo 235,3 mil provenientes do setor agropecuário, o terceiro que mais gerou empregos no período, embora com o maior avanço porcentual. A série organizada pela economista aponta que este é o segundo melhor saldo do semestre nos últimos nove anos. Resultado melhor ocorreu somente em 2007, com a criação de 238,4 mil empregos. A participação no total de vagas registrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é de apenas um sexto. Contudo, em um olhar sistêmico e de cadeia, também é possível enxergar a agropecuária no desempenho dos serviços e principalmente da transformação, grupo de pesquisa sob o qual está a agroindústria.

O MTE estima que até o fim de 2011 sejam criadas 3 milhões de vagas. O ministério atribui o resultado à expansão da economia brasileira e à maior renda do trabalhador, com salários médios que apresentam crescimento real de 3,04% em relação ao ano passado, passando de R$ 874,14 para R$ 900,70 em 2011, relata o estudo da Faep. Dada a taxa de crescimento de empregos na agropecuária, muito superior às demais, acrescentaria ao diagnóstico e leitura do MTE o desempenho e as previsões do agronegócio que, diga-se de passagem, são muito positivas e devem contribuir com uma parcela cada vez maior na geração de empregos no Brasil, permeando a agropecuária, a agroindústria e a prestação de serviços, entre outros setores da economia que são indiretamente impactados.

Quando segregamos o PIB por regiões e avaliamos o desempenho regional, comum em estados como o Paraná – onde a participação do agronegócio na economia é maior que na média nacional – o resultado da padaria, da loja de roupas ou de carros tem relação direta com a produção e transformação agrícola e pecuária. Se por um motivo ou outro a safra não foi boa, tenha certeza de que o impacto no comércio ou até mesmo nos serviços públicos, por conta da arrecadação, será imediato. A regra vale para municípios, regiões e estados que têm grande parte de sua economia sustentada no setor.

A construção civil, que no acumulado do semestre aparece em quarto lugar no número de criação de empregos, com alta de 7,33%, é um exemplo claro da multiplicação do efeito da agropecuária ou do agronegócio. De certa forma, o Brasil todo experimenta um "boom" imobiliário. Porém, é mais perceptível a atividade da construção civil nas chamadas agrocapitais. São regiões do mapa onde aumenta a renda ou avança o agronegócio. E onde aumenta a renda, cresce também o consumo de produtos derivados do agronegócio, como as carnes, em especial de suínos e aves. Então, mais uma vez os números do MTE seguem em linha. Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste lideram, nessa ordem, a criação de novas vagas.

Se no país mais de 15% dos novos postos foram abertos na agropecuária, no Paraná essa participação cai para 5% das quase 99 mil vagas. A indústria da transformação e os serviços ficaram com as parcelas mais significativas, de quase um terço cada. Mas em um estado onde mais de 30% do PIB têm origem no campo, é certo que o desempenho desses outros segmentos tem muito ou tudo a ver com o agropecuário, um setor que gera emprego e renda, no campo e na cidade.

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