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Quem diria. Soja acima de US$ 15 e milho de US$ 5/bushel. Nem mesmo os mais otimistas dos consultores e analistas arriscariam cotações nesses patamares. As projeções, aliás, pelo menos em sua maioria, traçaram um caminho inverso, com previsões próximas de US$ 10 e abaixo de US$ 4, respectivamente. Uns erraram mais ou menos. O fato é que o pessimismo em relação aos preços tinha uma lógica, de safra cheia nas Américas do Sul e do Norte e consequente recomposição dos estoques mundiais. Um ambiente onde oferta volta a superar a demanda e, teoricamente, um cenário de pressão sobre os preços. A base, então, das tendências baixistas, sempre foi muito mais fundamento que especulação. E se o mercado está invertido, que bom. O cenário é positivo e de oportunidade, em plena safra brasileira.

Mesmo sem absorver toda a alta registrada na Bolsa de Chicago na semana passada, no mercado paranaense a soja fechou a semana com máxima de R$ 67 e média de R$ 63,49/saca de 60 quilos. O levantamento de preços pago ao produtor feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), também encontrou máxima de R$ 27/saca de milho, para uma média de R$ 23,43. Tanto para a oleaginosa quanto para o cereal, preços surpreendentes e remuneradores a considerar a condição e a fase de oferta no mercado doméstico e internacional. Uma equação, então, que vai além das safras recordes do lado da oferta, mas conta com demanda mundial aquecida, estoques no limite nos Estados Unidos e câmbio ainda favorável ao Brasil.

Para constar, o preço médio recebido pelos produtores do Paraná em março de 2013 foi de R$ 50,53 para a soja e R$ 19,50 no milho. Se comparados os valores médios de janeiro deste ano para as máximas da semana passada, as cotações de soja e milho no estado apresentam em menos de quatro meses alta de 10% na soja e 38% no milho. Variações intensas em longos e curtos períodos que colocam em xeque as tendências de preço apontadas pelas consultorias e levantam cada vez mais questionamentos em relação à venda antecipada, em especial por parte do produtor, sobre quando e como realizar sua produção. A resposta, na verdade, é quase que uma retórica. Escalonar a venda não é apenas a melhor como a mais consciente e responsável das opções, em busca de uma cotação média e rentável ao longo do ciclo de produção e comercialização. Especular, sim. Arriscar, não.

O bom momento também deve favorecer sobremaneira as exportações brasileiras de soja. As projeções de embarque são revistas e o país pode mandar para o exterior mais de 48 milhões de toneladas do grão. Um recorde absoluto diante das 42 milhões de toneladas do ano passado e as 45 milhões que estavam inicialmente previstas para este ano. O levantamento é do Agronegócio Gazeta do Povo, que aponta ainda para exportações de milho entre 20 e 21 milhões de toneladas. No primeiro trimestre de 2014 as exportações de soja mais que dobraram em relação à mesma base do ano passado. As de milho, porém, recuaram 37% no período analisado, embora a tendência seja de crescimento. Nos últimos cinco anos o Brasil dobrou o volume exportado.

Com a previsão de crescimento nos embarques este ano o Brasil consolida e segue liderando o comércio internacional da soja. O segundo lugar no ranking fica com os Estados Unidos, que devem embarcar pouco mais de 41 milhões de toneladas. Os norte-americanos, aliás, parece que venderam mais do que deveriam. Com os estoques internos no limite e compromissos de entrega além da conta, eles estão tendo, inclusive, que recorrer à soja sul-americana e do Brasil para honrar contratos de venda antecipada no mercado internacional.

Reação no trigo

A reação nos preços do cereal, fruto da quebra de safra no ano passado, motiva o cultivo de uma área recorde este ano. Com plantio iniciado há duas semanas, o trigo deve ocupar 2,57 milhões de hectares no país, a maior área em 10 anos. Com potencial também recorde de produção, para 7,32 milhões de toneladas, contra 5,51 milhões em 2013, se o clima colaborar o Brasil reduz a dependência externa do produto.

O volume será suficiente para atender até 60% do consumo doméstico, relação que no ciclo anterior ficou abaixo de 50%. Na década de 80 o país chegou perto de atingir a autossuficiência, com produção equivalente a 90% do consumo. Na temporada atual o Paraná volta a superar o Rio Grande do Sul, em área e produção. Juntos os dois estados respondem por mais de 90% da área e da produção nacional de trigo.

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