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O ministro da Agricultura veio ao Paraná. E não foi a primeira vez, é bom que se diga. Na semana passada esta coluna cometeu uma injustiça ao informar que a visita de Neri Geller realizada na terça-feira, dia 16, teria sido a sua primeira agenda oficial no estado, enquanto ministro. Esta foi, na verdade, a segunda passagem de Geller em solo paranaense depois de ter assumido o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), há seis meses. No final de abril, já como ministro, ele participou de uma assembleia do Sistema Cresol, em Francisco Beltrão, no Sudoeste.

O ambiente, a priori, tinha mais a ver com o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), pelo viés mais agricultura familiar do sistema de crédito solidário Cresol. De qualquer forma, não deixa de ser um espaço legítimo de qualquer representante do setor, o que inclui o ministro da Agricultura. Afinal, familiar ou empresarial, é tudo produção agrícola e pecuária, é tudo agronegócio, independente da distinção política, econômica ou social estabelecida pelo governo federal.

Em seu discurso, na sede da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Geller fez questão de destacar seu apreço pelo estado e pelas lideranças locais. Por várias vezes citou o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, da Faep, Ágide Meneguette, e do secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara. Segundo ele, são pessoas que têm acesso irrestrito ao Mapa, e o Paraná tem portas abertas no ministério, o que me parece óbvio. Mas tudo bem. Vamos entender que a intenção era reforçar seu compromisso e disposição com o estado. Nessa linha, Geller também pregou o que chamou de "ação republicana" nas tratativas com o setor. Para constar, como secretário de Política Agrícola Neri esteve outras tantas vezes no estado.

Contudo, política e relacionamento à parte, o ministro ouviu uma série de reivindicações da cadeia produtiva do Paraná. Do feijão à laranja, da logística às carnes, o apoio à comercialização do trigo foi colocado como uma das demandas mais urgentes e relevantes para o momento. Geller chegou a dizer que os R$ 350 milhões prometidos para os leilões de Pepro e AGF deveriam constar em portaria que seria publicada no Diário Oficial da União (DOU) até quarta-feira (17). O que não ocorreu. Normal, a julgar a dependência econômica e financeira da Agricultura de outras pastas. O ministro ficou rendido e o setor, mais uma vez, refém dos ministérios da Fazenda e Planejamento na oficialização da medida. Na sexta-feira, a expectativa do Mapa era de que a situação se resolvesse até hoje.

Com uma safra recorde, acima de 7 milhões de toneladas, o produtor de trigo inicia a colheita com preços deprimidos e baixa liquidez. A saca de 60 quilos do cereal, que em setembro do ano passado chegou a valer R$ 49 no Paraná, o maior produtor nacional, fechou a sexta-feira cotada a R$ 30. O preço mínimo do cereal classe Pão, tipo 1 é de R$ 33,45.

Feijão pede socorro

Se está ruim para o trigo, para o feijão a situação é ainda pior. Na semana passada o preço do feijão carioca caiu a R$ 47,50 por saca de 60 quilos no Paraná, praticamente a metade do preço mínimo de R$ 95. A saca do feijão preto fechou a semana cotada a R$ 90, valor 25% ou R$ 15 menor que o preço mínimo. Assim como no cereal, o estado também é o maior produtor nacional de feijão. Paraná com 808 mil toneladas, Minas Gerais com 594 mil e Mato Grosso com 535 mil toneladas respondem por quase 60% da produção nacional de feijão, estimada em 3,44 milhões de toneladas.

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