Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
giovani ferreira

Revolução silenciosa

De Canguçu, no Sul do Rio Grande do Norte, a Juazeiro, no Norte da Bahia, tem início hoje mais uma expedição organizada pelo Agronegócio Gazeta do Povo. Do maior minifúndio do Brasil ao maior produtor nacional de frutas tropicais, técnicos e jornalistas estão a campo para fazer um diagnóstico e traçar tendências de um gigante adormecido. Do pequeno, em área, volume e faturamento, mas que participa um grande negócio no país. O negócio que vem do campo, o negócio do pequeno produtor, o negócio da chamada agricultura familiar.

Ideologias à parte, a Expedição Agricultura Familiar, que vai percorrer mais de 15 mil quilômetros por seis estados, pretende mostrar à sociedade e ao próprio produtor rural a importância dos pequenos, que juntos têm escala e respondem por parcela significativa da produção e exportação do agronegócio brasileiro. De um segmento onde agricultura e pecuária são mais do que um negócio, têm a ver com desenvolvimento, humano e social, dignidade e cidadania.

Além de dimensionar a participação do pequeno produtor na produção de várias cadeias produtivas, animal e vegetal, um dos desafios da iniciativa é envolver e chamar a sociedade ao debate. Afinal, estamos tratando de um tema que interessa ao público tanto urbano quanto rural. Vamos falar de abastecimento, sanidade e segurança alimentar, de renda e de uma economia que movimenta cidades, regiões e boa parte do estado e do país.

E para quem ainda enxerga o pequeno produtor ou a agricultura familiar como agricultura de subsistência, está na hora de rever seus conceitos. Não se trata mais de agricultura de subsistência, mas fonte de emprego e renda. Além de ser mais diversificada que a chamada agricultura empresarial, dos grandes produtores e das grandes propriedades, ela também está nas commodities. Do tabaco à soja, passando pelo leite, frango, milho e feijão, entre outros, o pequeno produtor responde, em alguns casos por até 100% da produção.

Para se ter uma ideia do universo que envolve esse segmento, a depender do critério adotado ao enquadramento, se é o tamanho da área, a renda anual ou então o porcentual de mão-de-obra familiar empregado na propriedade, em alguns estados os agricultores familiares representam até 80% de todos os produtores. Ou seja, não são poucos. Aliás, são a maioria. E absoluta.

Quando o quesito é renda, no entanto, a distribuição ainda é bastante desigual. 80% do Valor Bruto da Produção (VBP) estão concentrados em apenas 15% dos mais de 320 mil estabelecimentos rurais do Paraná, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, a desproporção é ainda maior. A mesma parcela do VBP está concentrada em somente 10% das propriedades. Os números mostram, portanto, que há espaço para incluir mais gente no processo de desenvolvimento.

Mas quem é o pequeno? Quem é o familiar? O que ele faz? Como ele evolui (ou não)? E qual o futuro desses produtores e desse estrato fundiário do Brasil? É em busca dessas respostas que a Expedição Agricultura Familiar vai percorrer seis estados brasileiros, conversar com os produtores, com o público e o privado, cooperativas e governos em um trabalho inédito de sondagem, de interesse e, porque não, de utilidade pública. É a revolução, silenciosa e sustentável da agricultura brasileira.

E para qualificar tanto a pesquisa de campo quanto o debate, o Agronegócio Gazeta do Povo vai a campo em parceria com agentes diretamente envolvidos na discussão, como FAO/ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Sicredi, Souza Cruz e Asbraer, a Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e de Extensão Rural.

Você pode acompanhar o trabalho de campo no endereço www.agrifamiliar.com.br.

Renovação na Emater

O Plano de Demissão Voluntária (PDV) autorizado na semana passada pelo governo do estado vai representar um novo marco na história do Instituto Emater. Praticamente um divisor de águas, que tem a ver com renovação e modernização. Mas não adianta renovar a frota se não tem há recurso para abastecer os veículos. Não adianta oxigenar o quadro de funcionários, inserir novas e necessárias qualificações, se não há dinheiro para investir naquilo que é a função do instituto, a assistência técnica e a extensão rural. É preciso resgatar a essência e potencial da extensão. E não tem outro jeito de fazer isso que não seja com investimentos. Em pessoal, sim. Mas também em infraestrutura. Estrutura e recursos serão condição ao exercício pleno dos profissionais que chegam com a missão quase que de ressuscitar a Emater.

Se o Paraná é o segundo produtor brasileiro e o estado com maior índice de agroindustrialização do país, isso tem muito a ver com a Emater. Foi o produtor, orientado pelos extensionistas, que nas últimas quatro décadas – ou antes com a Acarpa – transformaram a realidade não apenas do campo, mas da economia do Paraná. Também tem o dedo do instituto, a estruturação do sistema cooperativo, uma das maiores forças econômicas do estado, com faturamento acima de R$ 50 bilhões/ano. Vários presidentes, das maiores cooperativas, vieram dos bons tempos da extensão. Tempos esses que precisam voltar, como condição ao futuro do agronegócio sustentável, moderno e globalizado do Paraná.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.