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Imaginava-se unir o útil ao agradável: imóveis bonitinhos, de valor acessível à poupança de profissionais liberais e que não sofrem as limitações impostas pela lei do inquilinato. Não bastou.

Imóveis residenciais dirigidos à alta renda sofrem maior depreciação. Estão expostos a freqüentes alterações no gosto de pessoas sofisticadas e exigentes. Um imóvel de luxo costuma ser rentável só para os construtores que conseguem cobrar um valor extra pelas características mais exclusivas da obra.

Luciano comprou um flat há seis anos na Zona Sul da capital paulista. Pagou perto de R$ 150 mil. Hoje o valor de mercado não passa de R$ 70 mil, e ele dificilmente consegue receber mais de 0,4% ao mês como renda líquida no pool de locação.

Por que esse investimento cuja rentabilidade estimada era de 1% ao mês deu-lhe tantos prejuízos? O Luciano perdeu porque houve um exagero na oferta de quartos de hotéis e de flats em várias capitais brasileiras, nos últimos dez anos.

O negócio até parecia bom porque prometia aos pequenos investidores uma locação comercial, diferente das locações residenciais tão problemáticas nos anos 70 e 80.

Imaginava-se unir o útil ao agradável: imóveis bonitinhos, de valor acessível à poupança de profissionais liberais e que não sofrem as limitações impostas pela lei do inquilinato. Não bastou.

Um segundo problema é que as taxas cobradas pelos administradores dos flats têm sido exorbitantes e consomem a maior parte da receita do pool.

Pequenos investidores não têm tempo e nem poder para exigir maior eficiência dos administradores. Muitas vezes, tornam-se reféns de gestores mal-intencionados.

Até quando vai durar a perda de Luciano? Dificílima resposta. Eu diria que o mercado já está perto do fundo do poço. No entanto, o investidor terá dois desafios pela frente: esperar uma queda na taxa básica Selic e torcer para que haja uma forte desaceleração no lançamento de novos empreendimentos hoteleiros.

Tudo isso já está acontecendo. Assim, para quem já sofreu até aqui, penso que vale a pena ter um pouco mais de paciência e aguardar uma muito provável recuperação.

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O leitor pergunta

Meu pai insiste em aplicar apenas em caderneta de poupança. Como faço para convencê-lo a ser mais agressivo.

O estilo conservador é típico de pessoas mais idosas que não teriam tempo, nem energia, para se recuperar de eventuais perdas no mercado. Entretanto, há alternativas quase tão seguras quanto a caderneta de poupança e com rentabilidades bem maiores. Por exemplo, no Tesouro Direto, há títulos com remunerações bem altas. Em bancos de primeira linha, CDBs chegam a pagar algo próximo a 100% do CDI. Acho que vale pensar nessas hipóteses. Na figura, compare o desempenho do CDI e da poupança nos últimos anos.

* A partir da próxima semana esta coluna será publicada às segundas-feiras.

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