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Há três anos, quando começamos a discutir as vantagens e eventuais desvantagens do Tesouro Direto, apontamos que as Notas do Tesouro Nacional (NTNs) seriam as mais sensíveis a mudanças no cenário econômico. Além dos rendimentos contratados (geralmente uma taxa fixa de juros mais correção pelo IGP-M ou pelo IPCA), os papéis de longo prazo gerariam uma acentuada variação em seus preços de mercado.

Nos momentos de otimismo vividos nos últimos dois anos, isso significou um belo ganho extra. Em alguns casos, investidores ganharam, teoricamente, mais de 40% em poucos meses só com essa valorização no preço de mercado.

Entretanto, os momentos de pessimismo acabam de chegar. NTNs de longo prazo registraram perdas teóricas nos últimos dias. Por quê? Principalmente porque houve venda por parte de investidores estrangeiros que estão se refugiando em ativos mais seguros no Primeiro Mundo. Isso derrubou o valor de mercado das NTNs com vencimentos mais longos.

As maiores perdas ocorreram nos títulos com mais de 19 anos de prazo. Cheguei a observar prejuízos de até 10% nos últimos dias. Mas não se assuste: essa situação pode mudar bem rápido. As perdas teóricas só serão efetivas para quem vender os papéis antes do vencimento. Aqueles com prazos mais longos foram os que sofreram mais nos últimos dias, devolvendo parte dos maravilhosos ganhos que vinham obtendo. No ano, eles ainda acumulam mais de 5% de ganhos.

Quem quiser descer do carro agora, vai se machucar. Ao contrário, quem continuar a viagem carregando as Notas do Tesouro Nacional continuará recebendo os maiores juros pagos por um governo no planeta Terra: correção pela inflação, mais juros de até 10% ao ano.

Naturalmente, o pequeno investidor se assusta ao receber o extrato e pensa que seu patrimônio diminuiu nos últimos dias. Alguns se revoltam, pois acreditavam ser impossível perder na renda fixa. Não é bem assim. Em papéis de longo prazo, coisa rara no Brasil moderno, o valor de mercado de um título público oscila bastante. Volto à estratégia original que eu defendia quando começamos a falar sobre o Tesouro Direto – o melhor é separar o dinheiro em diferentes envelopes:

1) Se o objetivo for de curto prazo, algo perto de um ano, prefira as LTNs com juros prefixados.

2) Se o objetivo for de médio prazo, entre um e cinco anos, escolha papéis com vencimentos dentro desse mesmo prazo.

3) Se a meta for a aposentadoria, daqui a 10 ou 20 anos, prefira os papéis longos, indexados pelo IPCA, e esqueça as oscilações do dia-a-dia.

Em tempo: títulos de curto prazo como as LTNs e LFTs continuam brilhando e oferecendo rendimentos muito bons.

***

O leitor pergunta

– Meu fundo de renda fixa em um grande banco perdeu 0,60% nas últimas semanas. Eu pensei que estava aplicando em algo conservador. O que fazer?

– O mercado de renda fixa está se recuperando e deve reverter as perdas. Mas se você não suporta essas oscilações negativas, prefira os CDBs de bancos de primeira linha.

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