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Até o fim desta semana, o quinto maior banco em ativos do país – o Real-ABN Amro – e o sétimo – o Santander – podem ter virado um só. Se isso realmente acontecer, eles se tornarão o terceiro maior, atrás apenas do Banco do Brasil e do Bradesco. Essa união aumenta a concentração bancária e o temor de que ela possa ter efeito no spread dos bancos brasileiros, que já é altíssimo.

Caso a compra, de fato, se concretize, será o maior negócio mundial do setor. ABN-Amro e Santander são grandes também em vários outros países. No Brasil, o desenho do sistema bancário certamente mudará. Contudo os economistas não vêem grandes problemas nisso.

– Há uma tendência global de concentração dos bancos. O Citibank e o HSBC, por exemplo, têm feito compras de bancos menores na Ásia. No Brasil mesmo, o setor já tem uma certa concentração, que começou em meados dos anos 90, com a chegada dos bancos estrangeiros – comenta Luis Miguel Santacreu, da Austin Assis.

Como os spreads brasileiros costumam ser mais altos que os de outros países, tentou-se achar explicação para isso olhando para a concentração bancária. Fazendo o raciocínio de que quanto menos bancos houvesse, menor seria a concorrência e maior o spread. Mas as pesquisas não indicaram que isso acontece.

– No Brasil, a concentração é bem semelhante a dos demais países; já o spread bancário chama a atenção. Ele é muito elevado, mas isso não tem a ver com a concentração. Já as tarifas tem um pouco a ver com poder de mercado – afirma Márcio Nakane, professor da USP, ex-Banco Central e atual pesquisador da Fipe.

O professor explica que, no caso das tarifas, ocorre um efeito de "demanda inelástica": mesmo com o aumento delas, dá muito trabalho trocar a conta de lugar. Assim, o banco pode explorar a vantagem que tem sobre o cliente.

O BC tem procurado resolver isso e também a questão dos spreads. Está tentando estabelecer medidas que facilitem a troca de banco e, portanto, aumentem o poder dos clientes.

– É preciso fomentar a competição. Obrigar bancos a terem taxas e juros transparentes – diz o professor do Ibmec-RJ José Fajardo.

Seja devido a concentração do sistema – ou não –, fato é que os bancos têm abusado de seus direitos. Nos últimos tempos, têm ganhado concedendo mais crédito, mas sem reduzir tanto assim os juros. O resultado, claro, são lucros incríveis.

Economia em duas rodas

Não é só a venda de carros que cresce a números estupendos no país. As motocicletas estão trilhando o mesmo caminho. A explicação geral para os dois casos é a mesma: aumento da renda e crédito farto. No caso das motos, existe ainda um adicional: o preço. Atualmente é até possível comprar uma moto com parcelas próximas a R$ 100, em 48 vezes, com juros baixos – sobretudo na comparação com as taxas que já foram cobradas.

O resultado disso é que, até setembro, já foi vendido no Brasil quase o mesmo número de unidades que no ano passado inteiro, 1.196.650 motocicletas; um crescimento de 27% em relação ao mesmo período de 2006. A exportação, que equivale a cerca de 10% do total produzido, também tem aumentado. Para 2007, a previsão da Abraciclo, a associação do setor, que concentra estes dados, é de que haja um crescimento de 17% na produção, pouco maior que a alta de 2005 e 2006. Este gráfico mostra a produção subindo ano a ano.

Um outro dado interessante, também no gráfico, é a divisão regional das vendas de motos. Entre 2004 e 2007, aumentaram a participação do Nordeste e a do Sudeste, enquanto caiu a do Sul e a do Norte. No Nordeste, isso está bastante relacionado à renda maior. E, no Sudeste, com o aumento forte na cidade de São Paulo, onde motos pequenas são usadas para serviços, pelos motoboys. Mais da metade da produção nacional é concentrada em três modelos usados para esse fim. No próximo dia 16, começa em São Paulo o Salão Duas Rodas. Lá haverá rodadas de negócio entre fabricantes e revendedores de vários países. Hoje o Brasil é o quinto maior produtor do mundo, e está chegando perto da Indonésia; o quarto. China, Tailândia e Índia são os três primeiros.

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