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Que o otimismo do empresário brasileiro está em baixa, isso não é novidade. Mas que está entre os menores do mundo, isso faz refletir! No longínquo ano de 2013, o Brasil figurava na sexta posição no ranking mundial com os empresários mais otimistas. Na época, nada menos que 77% dos empresários estavam otimistas em relação aos rumos dos negócios nos meses à sua frente. Passados apenas dois anos, parece que viraram o ranking de cabeça para baixo, e agora nossos empresários estão entre os menos otimistas do mundo.

O International Business Report (IBR) publicado pelo Grant Thornton com as apurações do segundo trimestre desse ano, aponta que os empresários brasileiros estão entre os mais pessimistas do mundo. O saldo líquido entre otimistas e pessimistas ficou em -24 pontos percentuais (p.p.). Esse índice vem piorando velozmente, pois caiu seis pontos entre o primeiro e o segundo trimestre desse ano, e 56 pontos na variação anual. Estônia e Grécia têm respectivamente -26 p.p. e -38 p.p, sendo os únicos países com índices piores que o nosso gigante adormecido (ou atordoado). No topo do ranking dos mais otimistas estão Alemanha (92 p.p.), Irlanda (90 p.p.) e Nova Zelândia (86 p.p.).

O Brasil na contramão

Segundo o relatório, observam-se muitas das maiores economias do mundo com resultados que indicam um crescente otimismo de seu empresariado, o que sinaliza que a economia mundial está caminhando na direção certa. Na média mundial, houve crescimento de +12 p.p no otimismo do empresariado, enquanto a União Europeia ficou com crescimento ainda melhor, com +20 p.p. E não se trata apenas de um sentimento dos empresários europeus, pois as três maiores economias do mundo apontam crescimento no otimismo de seu empresariado: Estados Unidos (+11 p.p), China (+8 p.p.) e Japão (+25 p.p.).

Entretanto, o mesmo relatório aponta que o Brasil, que vinha sendo uma das economias emergentes mais importantes da última década, está observando rápida deterioração nos níveis de confiança de seu empresariado e em suas expectativas. Com essa queda de -56 p.p, ostenta o pesado título da maior guinada negativa já reportada pelo relatório.

O que preocupa tanto os empresários brasileiros?

A incerteza econômica é a preocupação de 65% dos entrevistados brasileiros. Já o alto custo da energia preocupa a 57% dos empresários, e ainda a queda no volume das vendas incomoda a 50%. Com esse quadro, apenas 8% dos empresários brasileiros esperam conceder aumentos de salário acima da inflação, percentual que atingia 13% há um ano.

Índices de confiança são recorrentemente reportados pelas confederações nacionais da indústria e do comércio (CNC e CNI), que também tem reportado quedas expressivas na confiança do empresariado, atingindo mínimos históricos. Porém, ao ver a situação do Brasil comparada a outros países, dissipa-se qualquer dúvida que se possa ter em relação ao assunto, e confirma-se que o Brasil passa por uma crise que vai além de indicadores econômicos. Trata-se de uma crise aguda de confiança, provocada, entre outros fatores, pelos inesgotáveis escândalos de corrupção, e pela maior oneração das empresas e da população, ao invés de se buscar maior austeridade e racionalidade nos gastos públicos, e seriedade no trato dos assuntos que atingem a toda nossa sociedade.

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