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O personagem Alan Wake, no game do mesmo nome: cidade bonita e pacata de dia, repleta de seres estranhos à noite | Divulgação/Microsoft
O personagem Alan Wake, no game do mesmo nome: cidade bonita e pacata de dia, repleta de seres estranhos à noite| Foto: Divulgação/Microsoft

Ficha técnica

Alan Wake

Plataforma: Xbox 360

Produtora: Remedy

Categoria: Suspense

Preço: R$ 169

Pró: Ambientação primorosa

Contra: Sem novas ideias

Estudos ainda não mostram (talvez por não terem sido feitos), mas é claro para quem tem mais tempo de joystick que jogos de horror/terror/suspense proporcionam uma imersão muito mais profunda do que a maioria dos outros gêneros. Até os títulos ruins conseguem deixar nervosos os mais experientes. Nem se compara com os filmes da mesma categoria, na qual a maioria provoca, no máximo, risadas não intencionais. Por mais tolos os argumentos (são sempre os mesmos, zumbis, alienígenas, demônios), o fato de guiar personagens por zonas sombrias faz o nível de ansiedade e medo ir às alturas. Mesmo afirmando que quase todos conseguem acelerar os batimentos cardíacos, é bom ressaltar que ainda é possível identificar jogos bons e ruins. Na primeira ca­­tegoria se encontra Alan Wake, ex­­clusivo para o Xbox 360, que mistura referências do melhor do que já se produziu em jogos de sobrevivência com livros e filmes de Ste­phen King. Nos primeiros minutos de jogo as referências a obras-primas do gênero ficam evidentes. Os produtores beberam diretamente da fonte que saiu Resident Evil 4 e Silent Hill.O protagonista se chama Alan Wake, um escritor que passa por um bloqueio criativo. Para tentar recuperar um pouco da criatividade que lhe rendeu reconhecimento e fama, parte com a mulher para a pacata cidade americana de Bright Falls. Um lugar agradável durante o dia (cercada de penhascos e pinheiros), mas que esconde terríveis segredos quando o sol se põe. As coisas não saem da maneira como Wake planejava. Estra­nhos pesadelos começam a atormentá-lo. Pesadelos que acabam tendo conexão com o mundo real. Sem distinguir muito bem alucinações com a realidade, se vê en­­volto no desaparecimento de sua companheira. Só lhe restam algumas páginas de seu recente trabalho, uma arma na mão e uma lanterna. História bem parecida com a do filme Janela Secreta, que tem roteiro de... Stephen King.A Remedy Studios tentou se aproximar mais do cinema, in­­cluin­­do uma narração em off dos pensamentos do protagonista, o que ajuda no desenrolar da drama com microexplicações do passado e dos desejos de Wake. A narrativa é dividida em episódios, como uma série de tevê. Entre cada capítulo há cenas de cortes com um resumo dos últimos acontecimentos. A produtora reconhece que a estética se baseia em seriados de suspense como Twin Peaks.Com estrutura linear, o jogo começa no meio de um dos pesadelos. A fase serve como tutorial para ensinar os comandos básicos. Desde o começo, fica evidente que não há muita munição e que se deve economizar também no uso da lanterna, pois a bateria é consumida rapidamente. Os inimigos são figuras estranhas, chamadas de "Os Tomados". Eles ficam mais perigosos nas sombras, daí o uso vital da lanterna. Com o instrumento, Wake paralisa os adversários momentaneamente e pode aproveitar para mirar com o revólver para disparar o tiro fatal. Com uma boa gama de personagens de apoio, é difícil diferenciar de imediato os personagens bons e ruins. Por isso, é recomendado ter cuidado ao se aproximar de estranhos. O que facilita em partes a identificação de obstáculos no caminho foi o engenhoso uso da câmara. Sem­­pre que um fato relevante da narrativa está prestes a acontecer, a câ­­mara sai das costas do personagem (o jogo é em 3ª pessoa) e focaliza o local em que poderá aparecer um inimigo, dando tempo para o jogador recarregar a bateria da lanterna ou se esconder.Alan Wake consegue se impor num mercado saturado de péssimas ideias com um suspense psicológico em que mistura realidade e ficção. Ajudado pelo gênero, que por si só já gera certa tensão no jo­­gador, o jogo mantém o alto nível com uma ambientação impecável e um incrível uso de sombras e lu­­zes. Explicitamente, vomita referências a cada quadro, como no ataque de pássaros após a saída de um bar (citando Os Pássaros, de Alfred Hitchcock). A produtora fez tudo certo e alinhado para tentar tor­­nar também Alan Wake uma re­­ferência para outros jogos.

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