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Missão do jogador é proteger povoado dos monstros que o circundam |
Missão do jogador é proteger povoado dos monstros que o circundam| Foto:

Há algum tempo ficou bastante nítida a influência da cultura pop japonesa no resto do mundo. Além dos Jaspions e Ninjas Jirayas, que invadiram os televisores ocidentais em décadas passadas, uma onda de novos heróis, exclusivos dos games, ganhou a simpatia da garotada. Até a mania estranha de se fantasiar com as roupas de seu personagem preferido, no chamado "cosplay", conquistou adeptos no Brasil.

Nem tudo, no entanto, emplaca por aqui, por mais sucesso que faça em terras nipônicas. Exem­plos disso podem ser vistos comparando as listas dos jogos mais vendidos de qualquer console no mercado americano e japonês. É o caso dos chamados J-RPG, jogos mais concentrados em diálogos e lutas por turnos (primeiro o jo­­gador dá uma sequência de golpes e depois espera o computador responder). Deste estilo faz par­­te a franquia Pokémon, que é mais conhecida pelos desenhos animados e mangás do que pelos jogos em si. Lá, o game é febre e uma das principais apostas da Nin­­tendo quando tenta impulsionar as vendas de seus videogames, tamanha a popularidade. Já o Ocidente não costuma consumir este tipo de jogo, preferindo os RPGs de ação, como a série Diablo.

Recentemente, um jogo tentou traçar uma terceira via aliando o me­­lhor de cada um dos es­­tilos citados. E deu cer­to. Mons­ter Hun­­ter Freedom Unite, lançado para o PSP, vendeu muito no Japão (o país recebeu o jogo com um ano de antecedência em relação à Europa e aos EUA). Não só foi su­­cesso nas lojas como também alavancou praticamente sozinho as vendas do portátil da So­­ny por algumas semanas. Se­­gundo a assessoria da produtora Capcom, já foram comercializadas 3,5 milhões de cópias. Isso sem incluir os números iniciais do lançamento nos outros países. Os números são excepcionais, principalmente em época de crise econômica.

Monster Hunter Freedom Uni­­­te conta a história de um ca­­çador que é encontrado desacordado por moradores de uma vila. Os habitantes ajudam-no a se recuperar, mas para isso pedem que ele faça parte do time que protege o povoado dos monstros que o circundam. A ajuda, se realizada com sucesso, é bem re­­com­­pensada. Basicamente, o jo­­gador precisa cumprir missões. O enredo é só um artifício raso para dar sentido às caçadas. O objetivo é matar o maior número de bichos, acumular itens (até carne crua) e desenvolver as ha­­bilidades do personagem. A jogabilidade bem fragmentada (as fases são curtas) é um dos pontos fortes do game, já que estamos fa­­­lando de um console portátil que pode ser jogado dentro de um ônibus ou na fila do banco.

São centenas de missões, o que torna o jogo extremamente longo. O que é considerado positivo neste estilo, no qual o objetivo principal é evoluir o personagem até o li­­mite. Para tornar a experiência mais divertida, a Capcom en­­­­cheu o cenário de gatos-ajudantes. Cada um pode ajudar de forma distinta, atuando como cozinheiros, caçadores ou pescadores. A personalidade deles também vai sendo desenvolvida com o passar do tempo. O ponto fraco é a câmera mal projetada que acaba dificultando os combates principais.

Apesar de popular, Mons­ter Hunter Freedom Unite não é um jogo fácil. A chamada curva de aprendizado é bastante longa se comparada com a média dos concorrentes. Recomenda-se que um jo­­­gador iniciante cumpra to­­das as fases do tutorial, que en­­­sina a desenvolver o personagem, usar armas e domesticar animais. Mesmo assim, tem tudo para agradar os jogadores ocidentais, principalmente pela possibilidade de caçadas com até quatro jo­­gadores ao mesmo tempo. Não estranhe se daqui a al­­guns dias você encontrar grupos de jovens vestidos com rou­­pas de couro, capacetes de metal e espadas gigantescas. São os novos Changemen.

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Comportamento

Jogue com seu filho

O jornal espanhol El Pais trouxe neste mês uma ex­­tensa re­­por­­tagem com es­­pe­­­cialistas que dão dicas de como os pais podem usar os jogos eletrônicos para se apro­­ximar ainda mais de seus filhos. O principal conselho é taxativo: jogue com seu filho. "O Wii conseguiu al­­go revolucionário ao le­­var os videogames, pela primeira vez, à sala de estar. O console saiu do reduto dos quartos dos fi­­lhos para ga­­nhar a compreensão de uma geração que via os vi­­deogames como algo in­­com­­­preensível. As vantagens são muitas, mas a prin­­cipal é que eles não es­­tão mais jogando sozinhos", sugere a reportagem.

Um dos entrevistados, Ben Kuchera, responsável pelo site Arstechnica, elaborou uma extensa lista de conselhos. "Se você não jogar, os videogames poderão parecer intimidadores, não entenderá como funciona e o joystick parecerá muito complicado", explica. Isto poderia causar um afastamento, ainda mais se for adotada a recorrente atitude de pais que não entendem este tipo de diversão: a proibição.

Caroline Knorr, do site Common Sense Media, aconselha os pais a se manterem informados para conseguir manter o diálogo com os pequenos. "Isso ajuda a ter confiança". Jogar junto, segundo ela, também ajudará a entender melhor os gostos e preferências dos filhos e será mais uma porta para ensinar valores: "Compre jogos com referência nos valores que sua família crê e que permita realizar atividades coletivas e educacionais".

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