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Fábio Jardim dedilha alguns comandos durante a final nacional de Guitar Hero | Divulgação
Fábio Jardim dedilha alguns comandos durante a final nacional de Guitar Hero| Foto: Divulgação
  • Organização estima que 20 mil pessoas comparecem ao evento

Jack White, guitarrista da banda White Stripes, provavelmente ficaria horrorizado com o delírio da pla­­­teia que acompanhou, na última se­­mana, a final nacional do World Cyber Games (WCG), em São Paulo. O motivo da euforia foi a disputa eletrizante de Guitar Hero, vencida por Fábio Jardim, de 14 anos. Ao som de Van Halen, o estudante paulistano fez uma sequência quase perfeita no modo mais difícil ("ex­­pert") e terminou a performance projetando a guitarra de plástico ao alto. Por pouco não destruiu o instrumento como seus ídolos, en­­tre eles Jimi Hendrix.

Com apenas dois anos de treino, Fábio se tornou um he­­rói da guitarra e, junto com ou­­tros oito jogadores, irá representar o país na final mundial do WCG 2009, evento que será realizado em novembro na ci­­dade de Chegdu, na China, e é considerado a "olim­­píada dos games". Ele tem jeito tímido, é boa pinta e usa um corte de ca­­belo que o faz pa­­recer com a can­­tora "teen" Mallu Maga­lhães, de acordo com gritos da plateia. O apelido pelo qual é conhecido, "caiomenudo", lem­­bra uma das maiores bandas adolescentes dos anos 80, mas não faz justiça ao estilo mu­­sical preferido dele, o "me­­tal". Do con­­trole de videogame, já começa a entrar no mundo real da mú­­sica. Há mais de um ano tem dividido o tempo para aprender a tocar guitarra, a de verdade: "Gos­­to de tocar Aven­ged Se­­ven­fold", ressalta. No período pré-campeonato, contudo, teve que se dedicar mais ao jogo, com "trei­­nos de 3 horas por dia".

Após o lançamento da primeira versão, há oito anos, Gui­tar Hero conquistou os games ao trazer uma jogabilidade inovadora e com uma lista de músicas que trazia grandes sucessos. No jogo, é preciso apertar uma quan­­tidade de botões para cumprir uma sequência que a parece na tela. Cada co­­mando corres­pon­de, não exatamente, a uma linha harmônica. Com o erro, um acorde deixa de ser tocado. A sensação imediata gerada é que o jogador realmente está tocando a música, o que tornou o jogo uma das séries de maior sucesso dos últimos anos. Prova disso foi o público que lotou os estandes do evento e acompanhou cada "nota" do campeão como se também estivesse na disputa. Algo pa­­­­recido com fazer a cha­ma­da "guitarra imaginária" em shows de rock que virou febre em vídeos virais pela internet. O movimento poderia ser chamado de "air plastic guitar". Fica a sugestão.

Na platéia em que se somaram 20 mil pessoas durante todo o fim de semana da competição, a maioria era formada por adolescentes com camisetas de bandas.

Entre as categorias (jogos) que estavam em disputa (Coun­ter-Stri­­ke: Half life, Carom 3D, Track Ma­­nia Nations Forever e FIFA 09), cer­­tamente Guitar He­­ro era a que cha­­mava mais atenção. "Não acredito que os videogames sirvam para quem quer aprender a tocar algum instrumento. É deprimente que uma marca venha e diga para você que é com um jogo que as crianças estão aprendendo sobre mú­­sica e experimentando música", tentou negar o óbvio Jack Whi­­te em recente entrevista à revista especializada em música NME. Alheio a controvérsia, o também guitarrista Kiko Loureiro, da banda brasileira Angra, compareceu na competição e mostrou alguns solos de guitarra. Depois pegou um joystick e se divertiu por alguns instantes.

A olimpíada

A final brasileira do WCG também teve destaque em outras ca­­tegorias. O já experiente André Buffo, 18, se tornou o melhor jogador de Fifa 2009 ao vencer Mario Philipe de Jesus Souza, 16, em duas partidas (ida e volta). Ambos escolheram a seleção brasileira para a fi­­nal, mesmo assim Buffo levou o bi­­­campeonato. "Es­­pero trazer uma medalha para o Brasil", comemorou.

Já Jean Michel dos Reis Mone­co, 22, se descreveu como azarão ao ganhar o torneio de sinuca (Ca­­rom 3D). No ano passado ele fi­­cou na última posição e, mesmo sem ter um computador "de­­cente" para jo­­­gar, deu a volta por cima e ga­­nhou com certa facilidade. "Até meu taco era ruim", brincou. Com­­pleta ainda a seleção brasileira de games a equipe campeã em Coun­ter-Strike: Half life: Renato Naka­no, Arthur Resende, Bruno Ono (22 anos), Lincoln "fenix" Lau (19) e Gabriel Toledo (18). Fecha a lista o mais experiente, Rodrigo Silva, de 23 anos, que foi o mais rápido no jo­­go de corrida Track Mania Na­­tions Forever. Ao todo, participaram da final 172 jogadores selecionados durante classificatórias re­­gionais e de uma etapa online.

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