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Mario em ação: uma referência importante na cultura nerd ou um ícone pop num sentido mais amplo? | Divulgação/Nintendo
Mario em ação: uma referência importante na cultura nerd ou um ícone pop num sentido mais amplo?| Foto: Divulgação/Nintendo

Na semana passada uma das séries mais marcantes dos videogames completou 25 anos. Muitos veículos especializados publicaram artigos para descrever a importância de Super Ma­­rio Bros. na cultura popular. Na maioria das vezes, foi apontado co­­mo "o maior ícone da indústria em todos os tempos" e não de­­morou para ficar entre os "Tren­­ding Topics" do Twitter – por algum motivo isso é relevante hoje em dia. Desde o primeiro jogo em que foi protagonista, lançado em 13 de setembro de 1985 para o Nes, Mario encabeçou uma franquia de jo­­gos fantásticos que vendeu mais de 40 milhões de cópias. Sucesso absoluto durante muitas gerações, sem dúvida. Mas sobra uma dúvida: seria o encanador italiano ainda a maior re­­ferência para os gamers de ho­­je? Na opinião deste colunista, que tentará justificar sua po­­sição nas linhas abaixo, não. Ma­­rio é história.Em primeiro lugar, a afirmação de supremacia da série é ba­­seada em falácias ou achismos. O jogo mais vendido da história em apenas uma única plataforma não é do Mario, mas sim Wii Sports (65 milhões), para Wii. Lógico que números não podem ser a justificativa para tudo, pois seria o mesmo que afirmar que o filme Avatar seria mais im­­­portante que 2001: Uma Odis­­seia no Espaço baseado apenas em bilheteria. Mesmo assim, Ma­­rio não foi o que mais vendeu. Já os argumentos mais subjetivos apelam para uma popularidade não sentida em números e sim na penetração do ga­­roto-propaganda da Nintendo nos mais diversos produtos culturais, como camisetas, seriados televisivos, cópias, brinquedos e milhares de apetrechos di­­versos. A imagem do bigodudo realmente pode ser encontrada atualmente em todos os lugares, prin­­ci­pal­mente com ascensão da cultura nerd (ve­­jam on­­de chegamos, caros leitores). Não seriam, no entanto, as imagens de Te­­tris, Pac-man e Po­­kemons da vida tão populares quanto? Será que os mesmos que reconhecem Mario também não reconheceriam clássicos do Atari como os alienígenas de Space Invaders ou os carros pixelados de Enduro? Provavelmente estão no mesmo patamar.

Friso novamente que o que se está questionando aqui não é a importância que Mario teve para os jogos eletrônicos. O fato é que ou­­­tros apareceram e são, atual­men­­­te, mais im­­­por­­tan­­tes. A man­­jada história de recaptura da prin­­cesa Peach das mãos do ar­­quiinimigo Koopa, comer cogumelos e acertar a cabeça de tartarugas já não empolgam tanto. Duas pes­­quisas deixam isso muito claro. Na In­­glaterra, o "Guiness Book of Re­­cords" pu­­blicou neste ano uma lista com os 50 jo­­gos mais impor­tan­­tes de acordo com a opinião dos leitores. Os primeiros a aparecer, em or­­dem decrescente, foram: Halo, Call of Duty, The Legend of Zelda, Guitar Hero, Metal Gear. Super Ma­­rio Bros. ficou em sexto lugar.

Muitos poderiam pen­­sar que o resultado seria diferente no Japão, terra onde a Nintendo poucas vezes precisou se preocupar com concorrência. A situação realmente melhora. A revista Famitsu, conclamada como a bíblia do setor, também resolveu perguntar aos leitores japoneses quem eles consideravam o personagem mais im­­portante da história dos jogos eletrônicos. Os cin­­co mais citados: Snake de Metal Gear (1), Mario (2), Cloud Strife (3), Sli­­mes de Dragon Quest (4), Sora de King­­dom Hearts (5). O fato relevante é que Mario não é o primeiro. Os resultados mostram uma clara mudança de comportamento dos jogadores. É possível afirmar que se as mes­­mas pesquisas fossem realizadas há dez anos ou mais os re­­sultados seriam bem diferente, com uma possível liderança de Mario nos dois rankings. Se a série da Nintendo ajudou a en­­terrar os antigos jogos de fliperamas que não tinham finais e exibiam gráficos pobres, e en­­cabeçou a vanguarda dos ga­­mes por muitos anos, a geração de alta definição está buscando em outros jogos seus ícones. O carisma de Mario deu lugar pa­­ra personagens sem expressão, como os soldados bombados (sem­­pre de capacetes) da franquia Halo e Call of Duty, ambos disputando quebras de recordes de faturamento na indústria do entretenimento.

Com seus 25 anos, Super Mario Bros. pode não ser mais o maior nome dos videogames. Isto também não quer dizer que ele deixou de ser importante, muito pelo contrário. Com uma dedicação ímpar, a Nintendo conseguiu através dos anos manter o nível de qualidade elevadíssimo, como mostram as recentes versões para o Wii. Mas, como tudo na vida, as gerações mudam, e seria um erro associar eternamente Mario como o maior ícone dos games.

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